Saúde e Bem-Estar

Como saber se as crianças precisam do hormônio do crescimento

Amanda Milléo
03/05/2019 08:00
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Cada etapa tem uma particularidade, e crianças que fogem da média de crescimento precisam de uma atenção especial. Foto: Bigstock

Crescer é o melhor indicador de saúde em qualquer fase da vida da criança. Mas, três períodos em especial exigem que pais e médicos fiquem atentos à altura e peso. O primeiro é antes de a criança nascer, do meio para o fim da gestação; seguido dos dois primeiros anos de vida; por fim, o estirão da puberdade, que finaliza o crescimento. Cada etapa tem uma particularidade, e crianças que fogem da média precisam de uma atenção especial. Veja o que levar em consideração em cada fase e saiba em quais casos são indicados os hormônios do crescimento.
No nascimento
Se os membros da família são todos altos, isso não indica que a criança nascerá mais alta que a média. O peso e tamanho no nascimento dependem muito mais dos hábitos saudáveis da mãe durante a gestação, como uma boa alimentação e exercícios físicos.
Altura dos pais
Há crianças que crescem mais que a média, outros menos, mas isso depende muito da altura dos pais e com quanto de altura elas nasceram. “Até dois pontos acima ou abaixo da média é normal”, diz a endocrinologista pediátrica membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e professora do departamento de pediatria da UFPR, Margaret Boguszewski.
Pais altos não significa que o filhos também serão altos. Foto: Bigstock
Pais altos não significa que o filhos também serão altos. Foto: Bigstock
Primeiros anos
Em média, os primeiros anos de vida têm centímetros de altura bem definidos. No primeiro ano, são 25 cm a mais na estatura desde o nascimento, seguido de 14 cm com dois anos, e ao completar o terceiro, somam-se mais 8 cm. Por isso, não se assuste se o bebê der uma ‘esticada’.
No segundo ano
Após os dois anos, a criança passa a sentir a influência genética. O crescimento do bebê tem o pico no meio da gestação, até a 30ª semana. Aquela com pais altos, que nasceu pequena, acelera o crescimento para atingir o canal da família ao longo dos três primeiros anos. “E quem nasce grande em uma família não tão alta, desacelera”, diz Geraldo Miranda Graça Filho, endocrinologista pediátrico membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Pesos diferentes
Os gramas que os pequenos ganham variam com o passar do tempo e com as características familiares. Nos primeiros dias de vida, segundo Margaret, o peso pode aumentar 30g por dia, e depois estabilizar ou diminuir. “Os médicos acompanham o peso pelas curvas de crescimento, que estão na carteirinha que a criança recebe após sair do hospital”, diz.
Estirão da puberdade
São quatro anos de puberdade, para meninos e meninas. Nesse período, eles adquirem novos adjetivos: desajeitados, desengonçados, até estabanados – e com razão. “Ao nascer, braços e pernas são curtos em relação ao tronco. Ao crescer, os braços aumentam mais que o tronco. Na adolescência, a smeninas ficam mais proporcionais, mas os meninos ainda têm braços mais compridos, um pouco dismétricos”, explica o endocrinologista pediátrico Geraldo Graça Filho.
Mais cedo igual a menor altura

Quanto mais cedo ocorre o estirão da puberdade, a tendência é que a estatura seja menor, segundo Graça Filho. Em média, as meninas começam a fase do estirão mais cedo, por volta dos 11 anos, e ficam 13 cm menores que os meninos. Outra causa dessa diferença de altura é hormonal. O estrogênio não estimula o crescimento tanto quanto a testosterona.

Por que parou?
Parou de crescer? Comece a procurar infecções, intolerâncias, anemia ou verminoses. A endocrinologista pediátrica Margaret Boguszewski diz que uma das situações que aparecem com frequência nos consultórios é a intolerância ao glúten e à lactose. “Às vezes, os pais não percebem que a criança não está bem, é um problema intestinal que diminui a absorção dos nutrientes que auxiliam o crescimento. O mesmo com a infecção urinária, que gera um catabolismo no organismo muito brutal, diminuindo o ganho de peso e o crescimento”, explica. Nas crianças mais velhas, as verminoses são bastante comuns, em especial a giárdia.

Hormônios?

O uso do hormônio do crescimento (GH) na forma sintética, para ajudar crianças a adquirem mais centímetros de altura, deve ser usado apenas quando o paciente tiver uma deficiência na produção hormonal. Crianças com mutações nos locais onde se produzem ou recebem o hormônio de crescimento, que tiveram problemas durante o parto, casos genéticos ou, mesmo que raros, problemas neurológicos fazem uso dessa medicação.
O tratamento é feito com a aplicação, todas as noites antes de dormir, de uma pequena dose do hormônio com uma agulha que se assemelha àquela usada no tratamento de diabetes. De acordo com informações de Mauro Scharf, médico pediatra e endocrinologista do hospital Nossa Senhora das Graças, as crianças começam a aplicação geralmente a partir dos quatro anos de idade e seguem por três ou quatro anos, em média, podendo chegar até a oito ou nove anos de tratamento, até o fechamento do crescimento.

Meninas que tiveram a primeira menstruação, ou menarca, e já têm idade óssea acima dos 12 anos, o tratamento com hormônio do crescimento não traz tantos benefícios. O mesmo vale aos meninos com idade óssea acima de 12 anos e seis meses.

“Se a criança tiver uma deficiência do hormônio do crescimento, aos quatro anos se percebe e mesmo que seja uma deficiência mais leve, que só aparece mais tarde, é possível fazer o tratamento. É importante, portanto, que o pediatra acompanhe a curva de crescimento e se cair, verifique o problema”, explica o médico.
Como saber se há problemas de crescimento?
Além do acompanhamento com o médico pediatra, as crianças com suspeita de deficiência do hormônio do crescimento passam por dois exames. O primeiro é de provas hormonais, em que é feita a dosagem seriada do hormônio de crescimento nas crianças durante duas horas. “Nesse exame se vê se a criança tem uma quantidade de hormônios adequada ou não”, explica Scharf.
Outro exame comum é de idade óssea, feita a partir da radiografia de mão e punhos da criança. “Não é um exame de diagnóstico, mas é uma ferramenta auxiliar para prever a estatura da criança”, diz o médico.
Tratamento alternativo em estudos
Há pesquisas clínicas que estudam a aplicação dos hormônios semanalmente, e não diariamente, de forma a facilitar o tratamento. “Mas ainda não estão disponíveis para nenhum país, estão em estudos ainda, na fase de testes”, diz Scharf.”
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