Três situações que exigem a substituição da prótese de silicone
Amanda Milléo
25/01/2019 07:00
Substituição da prótese de silicone é cada vez mais rara, mas alguns casos exigem atenção (Foto: Bigstock)
A evolução dos materiais que compõem as próteses de silicone – usadas nas cirurgias plásticas de aumento dos seios – permitiu que o tempo de vida útil do produto dentro do corpo humano também aumentasse. Dos tradicionais 10 anos, atualmente há próteses que podem ser mantidas, sem nenhuma substituição, pelo restante da vida do paciente.
Com isso, a troca é cada vez mais rara, embora seja indicada em situações específicas. Confira abaixo as três perguntas que você precisa fazer para saber se a sua prótese de silicone deve ser substituída:
Quando foi a última vez que você visitou o cirurgião plástico?
Se a resposta a essa pergunta for há mais de um ano, está na hora de marcar uma consulta com o cirurgião plástico que fez o procedimento, ou mesmo outro especialista. A consulta periódica é necessária para identificar uma possível contratura capsular ou outra complicação que possa ter passado despercebida.
O médico cirurgião plástico fará os exames clínicos e físicos no consultório e, se achar necessário, encaminhará para exames de imagem, como mamografia e ecografia das mamas, além de ressonância magnética em casos mais específicos.
Há dor ou endurecimento das mamas?
Através do acompanhamento anual, o cirurgião plástico consegue ficar atento a alguns sinais de complicações tardias, que podem acometer a prótese de silicone, embora sejam casos raros. Uma das complicações é a contratura capsular.
“A contratura é o endurecimento da cápsula que se forma ao redor da prótese. Toda prótese inserida no corpo ocasiona uma reação do organismo, que forma essa cápsula. Seria como uma película ao redor do implante. Essa película, caso sofra um processo de enrijecimento, pode levar a deformidades visuais ou apenas palpáveis”, explica Luís Felipe Maatz, cirurgião plástico especialista em reconstrução mamária pelo hospital Sírio Libanês (SP), membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e professor colaborador da Faculdade de Medicina de Jundiaí.
Estima-se que 4% das próteses, durante um período de 10 anos, vão desenvolver algum grau de contratura. Vale lembrar que apenas as contraturas que atingirem graus mais avançados, como 3 ou 4, têm a necessidade de substituição das próteses, pois terão deformidades visíveis ou outros sintomas.
Outra complicação que pode acontecer é a ruptura da prótese. Ainda mais rara que a contratura, a ruptura acontece em menos de 1% das próteses, ao longo de 10 anos. “É causada por microfissuras na camada externa do silicone. Isso pode ocasionar, também, algum grau de inflamação dos tecidos ao redor. Nesse caso, é necessária a substituição da prótese de silicone”, reforça Maatz.
Das complicações a curto prazo (semanas ou meses após a cirurgia inicial), as infecções no período pós-operatório são geralmente as mais comuns. “Verificamos a presença das infecções pelos sinais, como febre, vermelhidão da mama e saída de secreção. Nesse caso é indicada a retirada da prótese. É rara, menos de 1% das próteses têm esse tipo de complicação”, explica o especialista.
Sempre guarde o cartão de informações da prótese: “Muitas marcas oferecem uma garantia vitalícia do produto. No caso de uma ruptura ou contratura, algumas empresas substituem a prótese. A pessoa não precisa se preocupar com esse gasto a mais, somente com a cirurgia”, sugere Luís Felipe Maatz, cirurgião plástico especialista em reconstrução mamária.
Perdeu peso ou engravidou?
Sem complicações com a prótese, o argumento campeão dos pacientes para a substituição da prótese de silicone está relacionado a uma mudança no corpo, seja pela perda ou ganho de peso ou gestação.
“Com a gestação ou em caso de grandes mudanças de peso, a mama sofre uma queda e compromete a estética. A busca da maioria das pessoas que desejam a troca é pela melhoria estética”, explica Luciano Busato, cirurgião plástico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – regional Paraná.
Além disso, pacientes muito magras e com próteses grandes podem sofrer o chamado rippling. Trata-se de uma ondulação ou dobra na região superior do tórax. Não causa dor, mas gera um desconforto estético.
“Acho importante que a conversa seja franca entre paciente e médico, para escolher o tamanho certo. O ideal é que não haja necessidade de troca da prótese tão precocemente. É válido lembrar que hoje vemos uma banalização da cirurgia, todo mundo quer colocar a prótese por modismo. Isso precisa ser muito bem conversado entre médico e paciente”, reforça Busato.