O que fazer quando cães e gatos soltam pelos demais?
Flávia Alves, especial para a Gazeta do Povo
12/06/2018 12:00
Ao contrário do que se pensa, cães de pelagem longa têm menos queda. Foto: Gabrielle Costa/ Unsplash.
A perda de pelos é um processo natural e normal entre cães e gatos: assim como acontece com os cabelos dos humanos, os pelos têm um ciclo de vida — eles nascem, crescem, estacionam, envelhecem e depois de um tempo perdem a adesão e caem.
Alguns tipos de pelagens têm um ciclo mais curto, resultando em uma maior renovação e, consequentemente, em uma queda visualmente mais acentuada. “As pessoas às vezes se enganam e acham que cães e gatos de pelo longo vão ter maior queda, quando ocorre justamente o contrário. Os animais de pelos curtos têm um ciclo mais rápido, por isso perdem pelo com maior frequência”, explica Denise Oliveira, médica veterinária que atende na área de dermatologia da Clinivet.
Inverno e verão
Os períodos de troca de estação são os mais propensos à queda, já que existe uma tendência natural de mudança de pelagem. Na chegada do verão, os animais perdem os pelos secundários, que são os mais finos e fofos e dão o aspecto de pluma e aquecem. Na chegada do inverno, é normal que se percam os pelos mais grossos, chamados de primários. Isso os ajuda a enfrentar as estações de forma mais adequada.
“Claro que este processo é bem mais visível nos locais em que as estações são bem definidas. Por aqui, no Brasil, onde temos uma variação menor, o animal acaba perdendo pelo durante todo o ano”, explica o médico veterinário Marconi Rodrigues de Farias, chefe do Serviço de Dermatologia e Alergia da Unidade Hospitalar para Animais de Companhia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
As fêmeas também são mais suscetíveis a ter quedas acentuadas por condição hormonal, nos períodos de cio, gravidez, pós-parto e amamentação.
Escovar é preciso
De acordo com Farias, apesar de ser um processo natural, alguns hábitos podem contribuir para que a perda de pelos não se torne um problema no dia a dia. O principal é a escovação.
“Os tutores ainda são muito negligentes em relação a este manejo. A escovação é fundamental para o bem-estar do animal, pois retira o pelo morto, melhora a circulação da pele e abre espaço para o crescimento de novos fios”, alerta.
Segundo ele, o ideal é que se escove diariamente os animais. “Os de pelo curto podem ser escovados até duas vezes ao dia”, adverte, explicando ainda que se deve utilizar uma escova com cerdas de pontas redondas e tomar cuidado para não machucar a pele do bichinho. “A intenção é que seja um processo agradável para o animal.”
Para facilitar, a dica é começar desde cedo, enquanto o animal ainda é filhote, mas para animais mais velhos sempre é tempo de iniciar. “Além de ser saudável, acaba fortalecendo o vínculo e aproximando o cão de seu dono”, sugere Farias.
Quando a queda é um problema
Os tutores precisam ter atenção para diferenciar a queda que é do processo natural de renovação para a que indica possíveis doenças. Queda acentuada pode ser um alerta pata doenças como infecções de pele, alergias, problemas renais e hepático, hormonais, estresse e até mesmo câncer.
Portanto, é necessário procurar um profissional quando existe:
• Queda maior que o normal; • Alterações na pele, como vermelhidão, edemas, manchas ou feridas; • Falhas no pelo ou alteração da sua textura e cor; • Lambidas constantes em locais específicos; • Coceira além do usual.
Alimentação e saúde em dia
Outro fator que pode contribuir para a queda de pelos é a nutrição, por isso manter uma alimentação saudável – seja ela baseada em ração ou em alimentos frescos – é fundamental. “Atualmente há rações super premium formuladas especificamente para a manutenção da pelagem, que contribuem para o crescimento e evitam a queda em excesso”, explica Denise.
A falta de nutrientes muitas vezes é percebida na pelagem dos animais, que podem se tornar mais opacas e quebradiças, mas a culpa nem sempre está na ingestão de nutrientes, mas sim na absorção, que pode estar sendo comprometida por outras causas, como verminoses e até mesmo doenças mais graves.
Segundo Denise, os pelos refletem a saúde do animal, pois quando existe algum problema o organismo se concentra em tentar manter e preservar as funções e órgãos mais nobres, deixando a nutrição de pelos, unhas e pele em segundo plano.
“Por isso, sempre aconselhamos os donos a ficarem atentos ao padrão de queda. Se ela estiver mais acentuada que o normal ou se o animal apresentar falhas na pelagem ou sintomas de pele vale investigar se não há algo fora da normalidade”, alerta a médica veterinária.