Para estas empresas levar cachorro ao trabalho não só pode como é recomendado
Folhapress
17/05/2018 07:00
|Nada de deixar o cachorro sozinho. Para empresas e funcionários, ter os pets ao lado durante o trabalho traz várias vantagens. Foto: Tadeusz Lakota/Unsplash.
A cena é a seguinte: uma bolinha de tênis quica em alguns escritórios, seguida por um cachorro tentando abocanhar o objeto. Na outra ponta, um funcionário arremessa a bola para ver o cão correr ainda mais. É nesse clima de descontração, com a companhia de pets, que muitas empresas funcionam.
A presença de animais ainda não é uma prática comum, mas o incentivo a levar os bichos de estimação ao trabalho tem aumentado. A prática é conhecida como “pet friendly” ou “pet day”. Tanto chefes quanto empregados afirmam que a ação ajuda na interação das equipes, o que beneficia o trabalho na empresa em geral. Cada um cuida da comida e da sujeira do animal.
Na Mars, fabricante de ração animal, a presença de bichos é diária. Filomena, a Filó, uma buldogue francês de dois anos, frequenta a Mars desde os três meses de idade. A tutora dela, a gerente de RH (recursos humanos) Verônica Jany, 36, trata a cachorra como a “irmã” de Daniel, o primeiro filho dela. “Hoje tive uma reunião e esqueci de botar água para a Filó. Quando saí, o potinho dela estava cheio. O pessoal ajuda a cuidar.”
Nina, uma border collie, não sai do lado da dona, estagiária Julia de Domenico, 22. “Ajudou na minha integração, há um ano.” Na sexta-feira passada (11), a MSD Saúde Animal, que desenvolve medicamentos e serviços para saúde animal, tinha cerca de 50 cachorros no escritório no Morumbi (zona oeste).
Raquel Pinto Lopes, 39, gerente de assuntos regulatórios, levou a cachorra Lori, uma border collie de 7 anos. “Afeta meu dia de forma muito positiva”, diz a gerente.
O Elo 7, site de compras, fará o segundo “pet day” em 1º de junho. “Tivemos que pensar na logística e nas pessoas que têm alergia. Mas o trabalho todo compensou”, diz Aline Garcia, do RH.
Só benefícios
A função do RH (Recursos Humanos) é cuidar de ações coletivas, que atendam a todos, e levar animais para o trabalho pode ser considerado como a extensão da casa do funcionário, afirma a professora Elza Fátima Veloso, especialista em gestão de carreiras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Pode gerar criatividade, produtividade e interação.”
Odair Castro, gerente de recursos humanos da MSD Saúde Animal, afirma que a convivência com os animais é ótima. “Traz benefícios à empresa. Já para o funcionário, o ambiente vira uma extensão de sua casa, de sua história. Incentiva uma interação maior entre pessoas, que em um dia normal de trabalho não aconteceria.”
A médica veterinária Carolina Padovani, da Mars, recomenda a ação. “Os resultados são notórios, aproxima as pessoas”, diz.
Deveres
Tânia Parra Fernandes, professora do Hospital Veterinário da Universidade Metodista de São Paulo, afirma que em um primeiro momento, a ideia de levar animais ao trabalho “é ótima”. Mas ela alerta que é preciso haver restrições, como limite de horas. “Nem sempre isso é uma boa opção para o bicho, que pode ficar estressado se ficar muito tempo longe de sua rotina. Uma manhã ou tarde fora são ideais não mais.”
Ela explica que, para esse tipo de ação, os animais devem estar com as vacinas e vermifugação em dia, para evitar contaminar outros bichos e até os seres humanos com doenças, como sarna e micose. “Também é preciso controle de pulgas e carrapatos, e não ter os pelos sujos. Ir ao veterinário para acompanhamento médico é fundamental. Animais devem ser bem cuidados.”
Dafini Oliveira, 29, advogada do departamento jurídico da empresa MSD Saúde Animal, afirma estar muito feliz em ter um dia para trabalhar ao lado de seu cão, o Fox, um spitz alemão. “É ótimo exercer meu trabalho com ele ao meu lado. Não dá aquele aperto no coração por deixar o bichinho em casa. É uma ocasião maravilhosa para integração com os demais colegas. Quem dera poder trazer todos os dias”, afirma.
No escritório da empresa, no Paraíso (zona sul), até quem não tem cachorro, já pensa até em adotar um.
“Tem dias que alguns cachorros ficam na porta de vidro olhando a reunião. Alguém vai lá e abre a porta para eles entrarem. É muita fofura, muda nosso dia para melhor. Também quero adotar um”, afirma Gustavo Varandas, 28, coordenador de trade marketing.
Varandas conta, ainda, do dia em que uma cliente, desavisada do pet day, entrou na sala de reunião. “De repente, um cachorro entrou na frente dela. A reunião parou, porque ela ficou brincando com o cão. Foi bacana. Só há histórias assim a se contar sobre eles”, afirma o coordenador.