Histórico

Diabete na gravidez

Sheldon Rodrigo Botogoski, médico ginecologista
17/03/2013 03:14
Alimentos como feijão, arroz, hortaliças e frutas são nutritivos e têm calorias na medida para o organismo. Só que a combinação saudável vem sendo um pouco esquecida pelos brasileiros, que têm preferido alimentos industrializados, como biscoitos recheados, farináceos, produtos embutidos, enlatados, encartuchados, no vidro. Não há dúvidas que eles facilitam a vida, mas o consumo diário desses alimentos está fazendo com que mulheres acima de 20 anos aumentem e muito o peso, conforme dados da tabela do IBGE.
Os dados apresentados refletem muito bem o que nós, profissionais da área da saúde temos observado na prática diária: um crescente número de mulheres grávidas e portadoras de Diabete Mellitus Gestacional.
Trata-se da diabete detectada durante a gestação, caracterizada como uma intolerância de grau variável aos carboidratos e seu diagnóstico é feito a partir da 20ª semana de gravidez (5º mês), pois é a partir desta idade gestacional que ocorre um aumento dos hormônios lactogênio placentário, prolactina, glucagon e cortisol, que têm papel importante em assegurar o suprimento constante de nutrientes ao feto – em especial a glicose.
Quando você come, principalmente carboidratos, seu corpo transforma os alimentos em um tipo de energia chamada de glicose. Ela é sinônimo de açúcar e, caso você tenha a diabete gestacional, o seu corpo e do seu futuro bebê não absorverão a energia necessária fornecida pelo alimento, ocasionando uma taxa alta de açúcar no sangue e consequências graves ao bebê.
Os carboidratos fornecem energia às células para o funcionamento do organismo e são representados pelos produtos derivados da farinha de trigo (massas, pães, salgados), milho, aveia, batata, mandioca, mandioquinha, açúcar, mel e doces em geral (tortas, bolos, docinhos miúdos). O consumo deles na gravidez deve ser evitado ao máximo ou até mesmo abolido no caso de mulheres com diagnóstico de diabete gestacional.
No Brasil, dados apresentados pelo sistema público de saúde mostram que mais de 8% das grávidas são portadoras de Diabete Mellitus Gestacional e o diagnóstico precoce dessas mulheres é de grande importância, para que se minimizem os efeitos deletérios desta alteração metabólica sobre o binômio mãe-filho.
As mulheres grávidas com diabete gestacional podem apresentar hipertensão arterial grave, risco de coma e morte, assim como podem apresentar a mesma doença ou até mesmo virem a desenvolver o Diabete Mellitus tipo 2 (DM2) em outras gestações. Para o bebê em desenvolvimento, o risco da diabete gestacional não controlada é o de morte fetal dentro do útero, traumas na hora do parto devido ao bebê ser extremamente grande, glicemia muito baixa, dificuldade na respiração, malformações congênitas e, no futuro, essa criança poderá desenvolver obesidade e Diabete Mellitus do tipo 2.
Há 40 anos, usávamos critérios diversos para o rastreamento e diagnóstico da Diabete Mellitus Gestacional, mas, em 2009, um estudo internacional realizado com mais de 23 mil gestantes modificou a forma de diagnosticar o diabete na gravidez. A Associação Internacional de Diabete, em conjunto com o Grupo de Estudos das Grávidas, emitiu novas recomendações sobre o diagnóstico e classificação da hiperglicemia na gravidez. Saiba quais são:
• No início do pré-natal, ou seja, antes de 20 semanas de gravidez, todas as gestantes devem fazer um exame de glicemia em jejum e o valor deve estar abaixo de 92 mg/dL.