Saúde e Bem-Estar

Independência e consciência

Adriano Justino
01/04/2007 19:13
Não é apenas para a foto que o casal Antonio e Maria Aparecida Montes Luz, 83 e 78, respectivamente, está debruçado no carro. Eles dirigem sempre o Corsa 98 e o Astra 2002, que os permitem ter uma vida independente. “Ainda me sinto muito bem. É claro que antigamente os reflexos eram melhores”, diz Antonio, que tem a data de vencimento da Carteira de Habilitação na ponta da língua: “2 de outubro de 2009”. “Tenho a impressão de que devo chegar lá”, brinca o engenheiro aposentado, que já viu vários amigos pararem de dirigir ou contratarem motoristas particulares.
Parar de dirigir pode representar um baque na vida do idoso, um sinal da falta de domínio do próprio corpo. “É um impacto significativo na sua auto-imagem. E esse impacto vai depender do quanto ele se mantém ativo, versátil, interessado em leitura, cuidando da saúde, consumindo cultura”, diz a psicóloga Maria Angélica de Moura, professora da PUC-PR.
Preocupação
Os norte-americanos estão preocupados com os idosos que dirigem. O Instituto de Tecnologia de Massachusetts tem um projeto voltado para a terceira idade que, entre outras coisas, tenta entender as necessidades, a capacidade e o comportamento do motorista mais velho. Há um modelo de contrato para ajudar quem precisa convencer um idoso a parar de guiar. Nele, o idoso indica uma pessoa de confiança que se torna responsável pela decisão sobre o momento de abandonar o volante.
“A avaliação tem de ser caso a caso. Aqui, algumas famílias solicitam que retiremos a habilitação porque alguns idosos são rebeldes e não aceitam que não estão mais aptos a dirigir”, conta o especialista em medicina de tráfego Benny Camlot, perito do Detran/PR.