Saúde e Bem-Estar

Labirinto virtual pode prever risco de Alzheimer

Da redação
23/10/2015 22:00
Thumbnail

Representação artística de como as células-grid rastreiam a posição espacial da pessoa (Foto: Science)

Caminhar por um labirinto de realidade virtual é a nova maneira de prever as chances de desenvolver o Mal de Alzheimer, de acordo com uma pesquisa divulgada pela revista Science, neste mês. O estudo mostrou que as recém-descobertas “células-grid“, responsáveis pelo sistema de navegação do cérebro, apresentam pouca atividade nas pessoas com risco de desenvolver a doença.
Os pesquisadores alemães e holandeses acreditam que as células-grid ajudam a criar mapas mentais, permitindo que as pessoas naveguem pelos ambientes mesmo na ausência de auxílios visuais. “Se você fechar os olhos e andar alguns metros para frente, então virar a direita e andar mais alguns metros reto, as células-grid podem rastrear a sua posição”, explica Joshua Jacobs, neurocientista da Columbia University, nos Estados Unidos, em comunicado da Science.
O problema está na posição das células-grid no cérebro: o mesmo lugar que as variantes do gene conhecido por APOE – o mais importante fator genético para o desenvolvimento da doença na terceira idade – se encontram. Por conta disso, os pesquisadores acreditam que a razão pela qual os pacientes com Alzheimer se perdem tanto e têm mais dificuldade de navegação pode ser explicada pelo dano nessa rede neural.
Realidade virtual
Para o estudo, desenvolvido pelo Centro Alemão para Doenças Degenerativas em parceria com outras instituições, foram recrutados dois grupos de jovens adultos sem os sintomas da doença. Enquanto um grupo carregava uma cópia da variante do APOE, o outro não.
Como atividade, os participantes deveriam caminhar por um labirinto virtual circular, que reproduzia um céu azul com poucas montanhas à distância, um chão recoberto com grama e alguns objetos do dia a dia jogados, como bolas de basquete e berinjelas. A tarefa era buscar esses itens e retornar ao mesmo local que haviam saído. Enquanto isso, os pesquisadores monitoravam a atividade cerebral de cada participante, com base no fluxo sanguíneo.
“Nossos resultados mostram a evidência de uma disfunção relevante comportamental entorrinal em humanos com risco genético de desenvolver Doença de Alzheimer décadas antes do início da doença”, explica o artigo divulgado na revista científica.