Saúde e Bem-Estar

Segurança e bem-estar na maturidade

Jennifer Koppe
14/01/2007 22:56
jenniferk@gazetadopovo.com.br
Quem pensa que pequenos tombos e tropeços são motivo de graça e não fazem mal a ninguém, se engana. Quando acontecem na terceira idade, as quedas são graves e podem ser fatais.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, as quedas são as principais causas de morte acidental em pessoas com mais de 65 anos. A lesão acidental é a sexta causa de mortalidade em pessoas de 75 anos, e as quedas são responsáveis por 70% das mortes.
Os dados, que já são alarmantes, tendem a se agravar, pois a população brasileira está envelhecendo. Nos Estados Unidos, gasta-se cerca de US$ 3 bilhões por ano para tratar daqueles que sofreram quedas. Estimativas apontam que em 2025, o Brasil ocupará o sexto lugar no mundo em contingente de idosos, com cerca de 31,8 milhões de habitantes com mais de 60 anos.
A queda não é um sintoma de uma doença específica, mas pode ser causada por diversos fatores. O uso de alguns medicamentos, a perda dos sentidos (principalmente da visão e da audição) e o aparecimento de doenças como artrose, Parkinson e Alzheimer podem aumentar o risco de acidentes. Calçadas escorregadias e desniveladas, obstáculos dentro e fora de casa e o uso incorreto de equipamentos de segurança também.
Para reverter esta situação de calamidade, a melhor medida a ser tomada é a prevenção. O geriatra Rubens de Fraga Júnior explica que cerca de 60% dos casos de acidentes com idosos acontecem em casa. “Daqueles que caem, 30% sofrem lesões moderadas que reduzem mobilidade e independência, aumentando o risco de morte prematura. Mas além do sofrimento físico, as quedas podem ter outras conseqüências, como a perda da auto-estima e a capacidade de socialização.”
Tornar a casa do idoso mais segura e acessível é o primeiro passo para evitar acidentes e lesões. Algumas medidas demandam modificações na estrutura física do ambiente, mas outras podem ser realizadas imediatamente, como a retirada dos tapetinhos do chão, a colocação de corrimãos ao lado das escadas e a melhora da iluminação interna. Outras alterações como a construção de rampas e a substituição de portas e alguns móveis levam um pouco mais de tempo, mas também são simples de fazer (veja outras orientações no infográfico das páginas 8 e 9).
Para melhor
A experiência da Fundação Fraternitas, em Piraquara, é um exemplo de que mudanças no espaço físico têm reflexos na vida do idoso. O arquiteto Ricardo Tempel Mesquita, militante pelo direito à acessibilidade dos deficientes físicos, fez uma série de interferências no local. “Há quatro anos, a maioria deles que sofria de hanseníase vivia fechada para o mundo. Não só porque tinham medo de se expor, mas porque não tinham como sair de suas casas por causa da dificuldade de acesso”, conta o profissional.
Mesquita eliminou os degraus em frente às casas, criou caminhos e rampas de acesso que ligam as casas dos moradores e também construiu um centro de convivência com refeitório para os idosos se encontrarem e fazerem as principais refeições do dia. “Muitos moravam aqui há anos, mas não se conheciam porque viviam escondidos”, lembra Valter Cristoffoli, vice-presidente da entidade.
Por causa da hanseníase, João Caetano, de 79 anos, teve a mobilidade reduzida e usa cadeira de rodas. Antes das mudanças, tinha que se arrastar pelo chão até o banheiro, porque a porta era muito estreita para a passagem da cadeira. Hoje, ele não consegue ficar parado. Faz as suas próprias compras e cuida da horta, onde planta couve, cebolinha verde e algumas ervas medicinais. “Agora ficou muito mais fácil andar por aí e é isso que me mantém sempre disposto. Se eu não pudesse me deslocar, estaria agora entrevado em uma cama”, acredita.
Serviço: Rubens de Fraga Júnior (geriatra), fone (41) 3343-7574 / Maurício Sallum (ortopedista), fone (41) 3246-3415 / Sandra Pinho Pinheiro (arquiteta), fone (41) 3013-1102 / Ricardo Tempel Mesquita (arquiteto), fone (41) 3277-5299 / Fundação Fraternitas, fone (41) 3034-2120, www.fraternitas.org.br.