Saúde e Bem-Estar

Toda ruga será castigada?

Daniela Neves - danielan@gazetadopovo.com.br
21/06/2009 03:16
Se a poção da juventude é um sonho historicamente perseguido – mesmo antes do surgimento da mídia –, a Medicina Estética está fazendo a sua parte. Avançou a ponto de conseguir, de fato, rejuvenescer a aparência dos pacientes. São preenchimentos, aplicações de substâncias capazes de paralisar músculos e modificar volumes do rosto. Ou ainda cirurgias que dão um efeito cada vez mais natural para a melhora do tecido da face.
Esse avanço na Medicina e o acesso à informações sobre tratamentos, somados ao culto à juventude presente nos meios de comunicação, criam uma impressão de que as rugas são um pecado a ser evitado. Cada vez mais cedo, mulheres e homens procuram as clínicas de cirurgia plástica e de dermatologia com a intenção de protelar ao máximo o aparecimento dos sinais no rosto.
O pecado não é ter cuidado com a pele, pois atitudes de prevenção contra o envelhecimento precoce são recomendadas. O problema é o exagero por parte de alguns pacientes, o que tem levado cirurgiões e dermatologistas a preparar um discurso de conscientização para que as pessoas entendam que a Medicina pode, sim, protelar o envelhecimento aparente, porém não é capaz de evitá-lo. “Ninguém que tem 40 anos tem aparência de 20. A cirurgia pode até aproximar a aparência da pessoa a uma idade bem mais nova, mas não é esse o objetivo dela. A intenção é promover um completo bem-estar social e físico. E se aquele que tem 50 anos quer permanecer com aparência de 20, certamente está com alguma coisa errada, e não é a estética”, diz o cirurgião plástico paulistano Vitório Maddarena Jr., membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
A dermatologista Maria Helena Amorim diz aos pacientes que não há como evitar o envelhecimento e sim aproveitar a tecnologia para prevenir sinais precoces e corrigir alguns defeitos da pele. “A primeira consulta é feita para conhecer a pessoa, falar sobre seus anseios e retirar falsas expectativas de promessas de juventude eterna. Muitas vezes é possível perceber que o paciente quer corrigir não a pele e sim outros problemas e por isso indico uma ajuda psicológica”, diz a médica. Não é incomum, segundo Maria Helena, a procura por uma aparência que não combina com a simetria do rosto daquela pessoa, como os tão desejados lábios de Angelina Jolie ou as feições da cantora Madonna – que, diga-se, já mexeu muito na estrutura do corpo e do rosto. Nesse caso, precisa convencer o paciente de que não é adequado. “A intervenção precisa combinar com a fisionomia e a idade, com o momento daquela pessoa”, diz.