Saúde e Bem-Estar

Viver a vida

*Rosy de Sá Cardoso
14/02/2010 02:07
Thumbnail

(Foto: Bigstock)

Todos nós conhecemos pessoas idosas – na família, na vizinhança, entre os amigos – que já passaram pelo Cabo da Boa Esperança – não o que se localiza no sul da África do Sul, mas o que, inexoravelmente, o passar dos anos traz consigo. O velho de há algumas décadas agora faz parte da “melhor idade”, ou golden age, do chique termo em inglês. Mas, apesar do ditado um pouco cínico “velho é quem tem pelo menos 10 anos a mais do que a gente”, todos nós conhecemos “velhos” de 50 ou menos anos, e animados “jovens” que, com alma e coração, já passaram dos 70, 80 e até dos 90. Cabeça branca (ou cabelo pintado) não impede alguém de jogar tênis, viajar só, dirigir, dançar e até namorar. Juro que conheço algumas mulheres namorando depois dos 90 e até dos 100!
A maioria do cada vez maior contingente da terceira idade não gosta de falar em doença, muito menos em morte. Não pensa que todos morremos – bebês, jovens, adultos, velhos. Se há um filho ou parente que se preocupa com detalhes como “quem vai cuidar dele ou dela quando ficar doente?”, “quem pagará seu plano de saúde mesmo que a vida se prolongue além do esperado?”, “quem tratará de seu enterro?”, parte do imbroglio está resolvido. Mas se for, como eu, absolutamente sem família próxima (pais, irmãos, cônjuge, filhos ou netos), não pode deixar de, ainda viva – e muito viva! –, se preocupar com a destinação dos bens – por meio de testamento ou “cartas aos que ficam”, entregues a três fieis amigos –, ter um plano de saúde que cubra tratamento médico e internação, declarar em cartório que deseja ser cremado e, acima de tudo, cuidar-se. Com a certeza de que, mais dia, menos dia, uma das três deusas parcas chegará – como chega para os bebês, crianças, adolescentes, adultos. Então, viva como se hoje fosse o último dia de sua vida. Consciente da realidade e de que o futuro à sua frente pode – e deve – ser decidido por você.
* Aos 84 anos, é a primeira jornalista profissional do Paraná