Depois da calmaria dos meses intermediários da gestação, o último trimestre costuma ser o de maior ansiedade. “A grande questão é o parto. Muitas mulheres acham que quanto mais dor tiverem, melhores mães serão. Culturalmente, a mulher nasceu para sofrer”, diz o psicólogo Juarez Marques de Medeiros. “Já atendi mães que entraram em depressão pós-parto porque não tiveram dor.” Ele lembra, no entanto, que a gravidez não precisa ser angustiante.
Fisicamente, as dificuldades aparecem. “É muito cansaço, tudo demora mais para fazer, dormir é complicado. Tenho de levantar várias vezes à noite para ir ao banheiro. Já é um treinamento”, brinca a psicóloga Sílvia Rocha Ferreira, 31 anos, que espera Laura para o próximo mês. “Estou ansiosa para saber como vai ser, se está tudo bem com ela. Ao mesmo tempo é legal, dá para sentir o corpinho do bebê…”
Também é a fase de temer a inaptidão para cuidar do bebê. “No puerpério, a mãe acha que o bebê vai desmanchar”, diz Medeiros. “Dá medo. Como vou dar banho?”, pergunta Sílvia. “Milhões de mães ficam falando um monte de coisas, fico achando que não vou dar conta. Hoje aprendi a não dar mais ouvidos, acho que a maternidade é instinto”, completa.
Para ela, o apoio incondicional do pai e da família é emocionalmente muito importante em um momento de fragilidade. “Gravidez não é tão simples. É um investimento comportamental, psicológico, de energia. Para mães da minha geração é mais complicado, somos muito exigidas no trabalho. A licença-maternidade se torna um medo: será que quando eu voltar vai ser igual?” Mas, como a maioria das mães, em meio às dúvidas, Sílvia encerra: “Vale a pena!” (EB)
‹ Serviço: Jane Cherem (psicanalista), fone (41) 3336-1540 / Juarez Marques de Medeiros (psicólogo), fone (41) 3342-2973, e-mail juarezmedeiros@ufpr.br / Helena Maria Simonard Loureiro (nutricionista), fones (41) 3271-1456 e 8401-5026.
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