Saúde e Bem-Estar

Depressão pós-parto

Alessandra Fendrich, psicóloga clínica na abordagem comportamental
21/08/2005 23:58
A depressão pós-parto é um mal silencioso que tem acometido cerca de 15% das mães. Ter um bebê é uma experiência nova, algo fascinante, mas ao mesmo tempo exaustivo. Nas primeiras semanas após o parto, a mãe pode sentir cansaço e dor à medida que seu corpo se recupera.
A maioria das mulheres, após o parto, passa por um período conhecido como “blues post partum”, que atinge cerca de 50% das mulheres. É caracterizado por uma vontade de chorar, ansiedade, insônia, dificuldade de concentração e “baixo astral”. Tem início normalmente no terceiro ou quarto dia após o parto, porém logo apresenta melhora. Não há uma duração específica, mas geralmente os sintomas cessam 3 a 4 semanas após o parto. É considerada uma reação normal após o parto, não patológica: a mulher passa por uma série de transformações psicológicas, é um período de adaptação, no qual muda completamente a rotina diária, é um ser novo que está chegando. Estes sentimentos podem ser causados por alterações hormonais, cansaço ou sono interrompido.
A possibilidade de uma “blues post partum” evoluir para um quadro de depressão pós-parto propriamente dito é mínima. A depressão pós-parto já começa com características mais severas.
A depressão pós-parto possui características e sintomas semelhantes ao de uma depressão patológica, ocorrendo como desencadeante do fenômeno de gerar um filho. Ocorre uma tristeza muito grande de caráter prolongado, perda de auto-estima e de motivação para a vida. Em casos mais graves, pode ocorrer a rejeição ou mesmo a tendência ao abandono do recém-nascido.
Os sintomas principais da depressão pós-parto são: humor deprimido a maior parte do tempo, falta de interesse nas atividades que antes lhe davam prazer, perda ou ganho de peso, insônia ou excesso de sono, cansaço, agitação, ansiedade, irritação, culpa, sentimento de inutilidade, dificuldades de concentração, dores de cabeça, rejeição do bebê e sentimentos suicidas.
A depressão pós-parto pode ser leve ou grave. Faz-se um diagnóstico de depressão leve quando menos de cinco dos sintomas citados estão presentes por um período de pelo menos duas semanas. Já a depressão grave é diagnosticada quando ocorrem mais de cinco dos sintomas citados, por no mínimo duas semanas.
Ainda não se sabe o que ocasiona a depressão pós-parto, mas alguns fatores podem contribuir para o seu surgimento como: gravidez de risco, gravidez muito desejada após várias tentativas ou após abortos, dúvidas sobre estar grávida e antecedentes de depressão pós-parto. A mulher que já teve depressão pós-parto anteriormente possui 70% de chances de apresentá-la novamente. Já as mulheres que tiveram complicações graves durante a gestação têm duas vezes mais chances de sofrer de depressão pós-parto do que as mulheres que tiveram gestações relativamente fáceis.
A depressão pós-parto pode prolongar-se por meses ou até anos e necessita de atenção especializada. Na maioria dos casos, um tratamento conjunto de psicoterapia e antidepressivos tem sido de grande ajuda para amenizar os sintomas deste distúrbio e contribuem para que a mulher volte à sua rotina normal.
Algumas sugestões para quem sofre de depressão pós-parto:
Peça para as tarefas diárias;
Visite amigos e familiares quando se sentir deprimida;
Saia de casa sempre que houver uma oportunidade;
Passe algum tempo sozinha, para reflexão;
Marque encontros com outras mães recentes;
Pratique exercícios físicos, como caminhada.