Saúde e Bem-Estar

Não deixe para muito tarde

Adriano Justino
24/09/2006 05:18
“Não fique acreditando que a medicina pode resolver qualquer situação em qualquer idade. Vai chegar um momento em que a mulher não produza mais óvulos”, alerta o ginecologista Karam Abou Saab, diretor do Centro Paranaense de Fertilidade. As mulheres já nascem com o número de óvulos que terão por toda a vida. Em torno dos 40 anos, têm apenas 3% de chance de engravidar no período fértil. Nos homens, há uma diminuição do número e motilidade dos espermatozóides a partir dos 50 anos, quando aumenta também o risco de alterações genéticas no bebê. Por isso, pense em filhos mais cedo.
Fique calmo
“Nas últimas décadas observou-se a diminuição no número de espermatozóides”, garante o andrologista Lidio Jair Ribas Centa, professor da disciplina de Reprodução Humana na UFPR. Atribui-se essa queda à vida agitada, ou seja, ao estresse. Ele libera adrenalina e epenifrina, substâncias neuroendócrinas que afetam a produção de espermatozóides. Além disso, após algum tempo tentando uma gravidez sem sucesso, todo mundo fica estressado. A insegurança, ansiedade e baixa auto-estima também podem interferir. “Pessoas de bem com a vida, felizes e tranqüilas levam vantagem em relação às estressadas e deprimidas”, diz Karam. Aposte em tudo o que traz bem-estar, como ioga, esportes, acupuntura, viagem, lazer.
Alimente-se bem
Frutas, verduras e legumes são ricos em antioxidantes, que combatem os radicais livres. Com as células mais saudáveis, a fertilidade pode ser prolongada. “Quando a saúde está boa, a fertilidade se mantém melhor”, afirma Karam
Os agrotóxicos e conservantes têm uma substância chamada dioxina, que pode diminuir a produção de espermatozóides e produzir endometriose, uma das principais causas de infertilidade feminina, conforme a ginecologista Cláudia Mara Abdala. Opte por uma alimentação mais saudável, de preferência orgânica. A cafeína também pode ser prejudicial para a mulher, ainda não se sabe por quê. Se você é uma bebedora contumaz de café, diminua a dose.
Sem cigarros
A nicotina afeta a produção dos oócitos (células reprodutoras) tanto femininos quanto masculinos, segundo a ginecologista, obstetra e homeopata Cláudia Mara Abdala.

Sem drogas
Os narcóticos afetam o nível de prolactina (hormônio que estimula a produção do leite materno), o que interfere na ovulação. Antidepressivos também podem ter o mesmo efeito. “Quimio e radioterapia, dependendo do tempo de tratamento, dose e local do tumor, ocasionam de 20% a 80% de risco de esterilidade no homem”, diz o andrologista Lidio Jair Ribas Centa. Ele aconselha a homens jovens que precisem desses tratamentos que congelem seus espermatozóides antes de iniciá-los.
Álcool moderado
O abuso do álcool pode ocasionar desordens menstruais nas mulheres e afetar a produção de testosterona nos homens, reduzindo a qualidade do sêmen.

Proteja-se
Quanto menos desenvolvido o país, maior a taxa de infertilidade. Nos mais desenvolvidos, o número de casais que não conseguem engravidar após um ano de relações sexuais regulares é de 8%. No Brasil, esse número sobe para 15% e há regiões na África em que chega a 30%, segundo a ginecologista Claudete Reggiani. Isso se deve às DSTs, que causam infecções nas trompas e freqüentemente comprometem a fertilidade. Nos homens, levam a infecções dos testículos (orquite) comprometendo a produção de espermatozóides geralmente de maneira grave. A sexualidade precoce, sem responsabilidade, também pode acabar em abortos provocados ou clandestinos, com lesões nos órgãos reprodutivos. Para evitar essas doenças, use camisinha sempre.
Atenção ao peso
Os hormônios que regulam a fertilidade necessitam de uma quantidade mínima de gordura para seu bom funcionamento. Pessoas com peso muito abaixo do ideal podem ter problemas. A obesidade mexe na parte hormonal e provoca irregularidade menstrual. Quando o IMC (índice de massa corporal, peso dividido pela altura ao quadrado) está acima de 35, a fertilidade é afetada. A síndrome do ovário policístico, que dificulta a fecundação, também está ligada à gordura. “Só abaixando o peso, muitas mulheres engravidam sem tratamento”, diz Claudete. Ganho e perda de peso muito rápidos são ainda mais prejudiciais. Essas situações são reversíveis, voltando-se a um limite saudável de peso.
Exercite-se
A prática de exercício físico regular é fundamental para o bem-estar físico e mental. Exercícios demais, no entanto, podem ser prejudiciais, liberando muita prolactina. Atletas olímpicas normalmente nem menstruam.
Atenção à genética
Se houver diagnóstico de miomas ou endometriose em uma irmã ou mãe, acelere o processo reprodutivo, antes que a doença ou o próprio tratamento possam comprometer a fertilidade. Atenção também aos casos de menopausa precoce.
Fuja dos anabolizantes
Eles aumentam a massa muscular, mas trazem risco de câncer de fígado e diminuem a produção de espermatozóides. Quando usados por tempo prolongado, podem levar à esterilidade.
corra do calor
Essa é para os homens. Os testículos ficam em posição vulnerável porque os espermatozóides precisam estar 2ºC abaixo da temperatura corporal. Quando há calor excessivo, a produção é reduzida. Isso pode acontecer em casos de obesidade e a homens que trabalham em fornos ou como motoristas de caminhão. A situação é rapidamente reversível.
Custo do sonho
Cada fertilização in vitro custa entre R$ 5 mil e R$ 15 mil em Curitiba. As inseminações variam de R$ 800 a R$ 1,5 mil. Isso fora os remédios, que saem em média R$ 2,5 mil.
Nos dias 4 a 7 de outubro, Curitiba sediará o 22.º Congresso Brasileiro de Reprodução Humana. Informações pelo fone (41) 3022-1247.
Serviço:
Cláudia Mara Abdala (ginecologista e homeopata), fone (41) 3242-0538, e-mail cmabdala@hotmail.com.
Karam Abou Saab (ginecologista), fone (41) 3262-1242 (Centro Paranaense de Fertilidade).