A mulher ganhou tantas liberdades, mas perdeu a conexão com sua potência, com a capacidade de gestar e de trazer um ser ao mundo. Na falta de uma confiança interna, muitas fazem essa “parceria” com a ciência, que traz segurança. A cesárea foi uma intervenção fundamental para situações de risco, mas não pode ser a primeira escolha.
Ser mulher hoje é ter independência financeira, cargos de prestígio, poder sobre o outro: a mulher tem vivido muito seu lado masculino. Isso é importante, mas é essencial se apoderar da nossa potência: menstruar, gestar e amamentar pertencem somente à mulher.
Sim. Antes o conhecimento era passado de mulher para mulher. Elas cuidavam de vários filhos, os partos eram em casa. Isso deixou de ser transferido e, com ele, a segurança.
A troca pessoal na família foi substituída primeiro pelo acompanhamento profissional. As mulheres fazem um bom pré-natal, procuram fisioterapeuta, educador físico, psicólogo, nutricionista e enfermeiro obstétrico. Mas no pós-parto ela se sente solitária e esses grupos ganham importância terapêutica, desde que a mãe faça uma leitura crítica do que é postado nas redes.
A dor e o desconforto. Porém, eles são hoje tratados com boa respiração e consciência corporal, achando as posições certas para o trabalho de parto, usando água quente, massagens e analgesia. Seguir ativa no trabalho de parto também reduz a dor. Há outros medos infundados, como a ideia de que o parto normal estraga o períneo e que a incontinência estaria associada apenas a ele.
Muito do que se chama trabalho de parto alternativo, distante das técnicas modernas da obstetrícia, é coisa antiga. Eu não gosto do parto natural apenas como uma volta ao passado, mas sim de guardar o conhecimento das mulheres de ontem e somar com os conhecimentos da ciência. O que eu não gosto é do parto tosco, não é mais necessário ficar 30 horas em trabalho de parto. Nada contra ter em casa, mas prefiro um ambiente preparado para isso. É claro que toda mulher tem direito à escolha, e que bom que hoje é assim.