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Quando a schnauzer Gipsy entrou na vida de Majoe Siqueira, a moeda do Brasil era o Cruzeiro Real, o papa era João Paulo II e o planeta tinha menos de seis milhões de habitantes. Era Natal de 1993. “Eu e meus dois irmãos vivíamos pedindo um cachorro. Um dia minha mãe não aguentou mais e comprou a Gipsy”, conta Majoe, que tinha 12 anos na época. “Ela me adotou como sua dona desde o começo”, diz, orgulhosa.
De lá para cá, muito mudou: o Brasil ganhou duas Copas do Mundo, Lula foi eleito e reeleito, o genoma humano foi decodificado. Majoe cresceu, passou pela adolescência, entrou na faculdade e se formou em Direito e em Biologia. Hoje, é uma mulher de 29 anos. O que não mudou foi o amor e o companheirismo entre as duas. “Gipsy sempre esteve presente. Encontrei nela uma verdadeira amiga.” Segundo Majoe, até em seus namoros a cadelinha “deu pitaco”. “Ela sempre implicava com os meus namorados. O único para quem não rosnou foi o Anderson, que hoje é meu noivo.”
Tantos anos juntos renderam boas histórias, mas também alguns sustos. Há três anos uma infecção no útero quase levou Gipsy. “Achamos que ela iria morrer. Meu noivo até chegou a me dar a Kayla, uma fêmea de labrador, para me alegrar.” Incrivelmente Gipsy se recuperou.
Hoje, beirando os 17 anos, a pequena schnauzer tem complicações típicas da idade. “Ela requer cuidados como qualquer cão velhinho”, afirma. Há poucos dias Gipsy teve um AVC, o que fez Majoe perceber que daqui a pouco tempo terá de dizer adeus à sua companheira. “Pra mim é muito difícil pensar nisto.”
Mesmo assim, Majoe tem a certeza de que, quando for, Gipsy deixará muito para ela. “Ela me ensinou a ter respeito pelos animais. E, mais importante de tudo, me ensinou que o amor entre humanos e bichos é uma doação, tanto de um quanto de outro. É um amor incondicional.”
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