Mascote Fit

Animal

Abençoado faro do bloodhound

Ricardo Ampudia
07/03/2009 03:03
Hoje é a estrela do canil, tendo participado de grandes operações, como a captura de presos fugidos em Piraquara, a busca de assaltantes do arrastão de Ortigueira e dos autores da chacina de Guaíra, para onde foi levado de avião.
A capacidade do seu olfato surpreende. Uma caneta usada por alguém já é suficiente para que o cão siga o rastro. Hurt já seguiu rastros por até 12 km. “Eles podem parar, beber água, descansar e depois voltar às buscas, sem perder o fio da meada”, explica o soldado Parreira, condutor do cão.
“Nós temos cinco milhões de células olfativas. Um cão pastor tem 220 milhões e um bloodhound tem 450 milhões delas”, comenta o tenente Taurino, comandante do Canil Central da Polícia Militar do Paraná, em Curitiba.
Ele explica ainda que o formato do crânio contribui para o olfato apurado. Com um focinho bastante largo, bochechas e orelhas caídas e longas, quando o bloodhound se abaixa, colando o focinho no chão, uma espécie de cone se forma, concentrando melhor as substâncias de cheiro dispersas no ar.
No Canil, os cães são acompanhados desde o início do treinamento por um único policial, que é o condutor e o “leitor” do cão. “Ele sabe dizer se estamos perto ou se achou algo pelo modo como o cão abana o rabo ou pelo levantar da cabeça”, diz o tenente. O treinamento dura dois anos, e começa quando o cão é ainda filhote. A aposentadoria se dá por volta dos 8 anos.
Além de Hurt, outros dois bloodhounds estão em fase de treinamento na PM. Um deles é Summer, de um ano e meio, que veio do Rio Grande do Sul e está a poucos meses de entrar em operação com seu condutor, cabo Domingos.
História
Também conhecido como cão de Santo Humberto – padroeiro dos Caçadores – ou sabujo, o belga bloodhound sempre teve explorada a sua exímia habilidade de achar a caça onde quer que ela estivesse.
Hoje, a raça é mais utilizada como cão de companhia e em operações militares de busca. “Apesar do seu tamanho (varia de 45 a 55 kg) é um cão extremamente dócil e companheiro, mas sua maior habilidade realmente é o faro”, conta Ricardo Mayrink, do canil Da Caiçara, de Itu, interior de São Paulo.
Segundo ele, a raça é muito difundida nos Estados Unidos, mas ainda pouco conhecida no Brasil. “Existem poucos criadores no país”, afirma ele, que trouxe seus primeiros cães da França e dos Estados Unidos.
Cuidados
O bloodhound, como todo cão molosso (de grande porte) pode sofrer de displasia coxo-femural. Se o problema for detectado, o exemplar deve ser retirado da linhagem. “Os canis sérios não criam cães com esse tipo de problema, por isso é importante observar a origem do animal”, diz Mayrink, de Itu. Outro cuidado especial que deve haver diz respeito às grandes orelhas, que não permitem a ventilação, o que pode causar otites. O preço dos filhotes varia de R$ 1,5 mil a 2,5 mil.