Que os gatos são animais domésticos de fofura e graça incomparáveis, quase ninguém duvida. Quem opta pela companhia um felino, porém, muitas vezes esquece que eles também são responsáveis por episódios de agressão (quase sempre atribuídos aos cachorros), com destaque para a arranhadura. Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelam que as feridas causadas por gatos infectam-se em mais de 50% das vezes. Saiba um pouco mais sobre as consequências de um arranhão:
Arranhadura
Segundo o infectologista José Luiz de Andrade Neto, professor do curso de medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR) e presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia (SPI), o arranhão é o tipo de lesão mais causada por felinos e geralmente apresenta celulite, que se caracteriza pela inflamação do tecido subcutâneo. O ferimento também pode ter natureza infecciosa caso as unhas do gato contenham o agente etiológico Bartonella henselae, a bactéria responsável pela Doença da arranhadura do gato (DAG).
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Neste caso, o quadro clássico consiste em bolhas avermelhadas e crosta sobre a lesão. “Os gânglios linfáticos regionais podem também inflamar, se tornar dolorosos e encher de pus, o que desencadeia uma síndrome infecciosa, acompanhada de sintomas como febre, anorexia (falta de apetite) e cefaleia (dor de cabeça)”, explica o médico. O período de incubação da doença varia entre três e dez dias e seu diagnóstico é feito através de exames clínicos e laboratoriais, especialmente se os gânglios permanecerem inchados semanas após o arranhão. “Uma vez encontrados os anticorpos desta bactéria, o uso de antibióticos pode ser indicado para evitar complicações. Entretanto, na maior parte das vezes o tratamento é sintomático”, detalha o infectologista.
O paciente ocasionalmente negligencia a doença, o que colabora para sua subnotificação. A recuperação é completa, mas pacientes soropositivos, que têm o sistema imunológico deficiente, podem sofrer a afecção de modo mais grave. Quanto ao local de acometimento, segundo a Fiocruz, os adultos costumam apresentar lesões nas extremidades (especialmente nas mãos), enquanto as crianças são mais atingidas na face.
E as lambidas?
As lambeduras, por si só, não têm conotação médica importante, segundo José Luiz de Andrade Neto. Contudo, as mordidas dos felinos merecem atenção especial. Além do trauma físico, podem infeccionar graças à presença da bactéria Pasteurella multocida, identificada na saliva de 90% dos gatos e também encontrada na cavidade bucal de cães, inclusive nos domesticados e vacinados.
A infecção se desenvolve rapidamente (entre 12 e 24 horas) com sinais inflamatórios, vermelhidão, dificuldades de mobilidade e dor intensa. Pode ser de ordem grave e, se não tratada, levar a complicações em casos extremos, inclusive com risco de morte. Por conta dos dentes afiados, as mordidas de gatos são ainda mais profundas, o que favorece o risco desta infecção.
Como proceder
Diante de uma lesão provocada por animais domésticos, a providência imediata é lavar o ferimento com água e sabão e procurar um médico ao primeiro sinal dos sintomas mencionados acima.
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