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Banho e tosa: procedimentos delicados

Carlos Coelho
03/04/2010 03:16
Essa é a conclusão do médico veterinário Marconi Rodrigues de Farias, professor do departamento de animais domésticos do curso de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Ele alerta: a atividade de banho e tosa não é simples e envolve cuidados. “Apesar de ser uma atividade estética, ela deve ser criteriosa. O dono deve ter confiança total em quem faz o serviço, pois qualquer erro pode desencadear problemas graves.”
Uma simples lavagem de orelha mal feita pode acabar em infecção e resultar em surdez. “Deixar o ouvido úmido ou usar frequentemente removedores de cera pode fazer com que se desenvolvam otites”, diz o professor. Nos olhos, o uso de produtos inadequados e falta de cuidado no manejo das tesouras também têm seus resultados catastróficos. “A utilização de alguns produtos químicos, ferimentos no olho ou o uso de secador diretamente apontado para o rosto podem causar úlcera de córnea em cães. E isso causa cegueira.”
Além disso, não são raros casos de cães com fraturas após uma queda, hemorragias graves por queimaduras e cortes na pele – feitos pelos instrumentos de tosa – que desencadeiam dermatites. Por tudo isso, o professor afirma que o dono deve estudar a escolha do banho e tosa dos animais quase como se escolhe o médico da família. “É preciso visitar, ver se o local tem boa higiene e saber se os profissionais são treinados. Pergunte no pet shop se você pode assistir a um procedimento antes de decidir pelo serviço.”
Banho e tosa só com médico veterinário
A regulamentação do Conselho Federal de Medicina Veterinária do Paraná é clara: serviços de banho e tosa só podem funcionar se tiverem um médico veterinário responsável atrelado a eles. A normativa consta na Resolução 878, do Conselho, que dispõe sobre o funcionamento de prestadores de serviços de estética nos animais.
Apesar de a norma estar vigente desde 2008, o presidente do CRMV-PR, Massaru Sugai, admite que nem sempre isso é o que acontece. “Tentamos identificar casos irregulares em nossas fiscalizações de rotina e quando acontecem denúncias”, explica. Des­res­peitar a regulamentação resulta em multa de R$ 500 e R$ 2 mil, em caso de reincidência.
O presidente afirma, no entanto, que o médico veterinário não precisa estar no local o tempo todo. “Ele é um responsável técnico, como o engenheiro civil em uma obra. Não precisa acompanhar todos os banhos e tosas, mas é quem indica os procedimentos básicos e quem será penalizado no caso de acidentes.”
Ainda segundo as normas, o prestador de serviço deve deixar em local visível o nome e o registro profissional do médico veterinário. E mais, a aplicação de sedativos ou qualquer outro medicamento só pode ser feita por esse profissional.
Com todas essas indicações, Sugai aponta que avaliar se o pet shop tem um responsável técnico deve ser o primeiro item na hora da escolha pelo serviço. Caso sinta-se lesado, tanto por um pet shop com médico veterinário quanto por um sem ele, o dono do animal pode formalizar uma denúncia no CRMV-PR, que irá verificar questões éticas. O telefone é (41) 3263-2511. Além disso, no caso de maus-tratos, pode-se recorrer à Justiça comum, que poderá punir criminalmente o responsável.