Instinto ou má-criação? Esses são os dois argumentos principais utilizados para defender ou condenar animais com comportamentos agressivos. O projeto de lei do senador Valter Pereira (PMDB-MS) que prevê a extinção dos cães da raça pit bull e restringe a liberdade na circulação pública de outras 17 raças consideradas “perigosas” retomou esta polêmica. A médica veterinária e terapeuta comportamental de animais Rúbia Burnier acredita que todos os bichos – mesmo os bem adestrados – apresentam vulnerabilidades e podem ter reações violentas. Confira as principais questões sobre o assunto:
Violência inerente à raça
“O pit bull foi criado para a luta, mas isso não quer dizer que todos os animais dessa raça têm predisposição à violência”, diz a médica veterinária Rúbia. Ela fala que é importante ser prudente com a raça desde o momento da escolha dos espécimes para o cruzamento. “Pais agressivos tendem a ter filhotes violentos”, diz ela.
Não há segurança plena
Rúbia considera o adestramento importante, mas alerta que ele não evita possíveis ataques ao longo da vida do animal. “Não há como garantir a segurança. Assim como os humanos, animais que sofrem pressões internas, frustrações, são vítimas de violência física e recebem pouca atenção e podem reagir de maneira agressiva”, explica. Ela faz questão de assinalar que cães não são como animais selvagens, pois são domesticáveis e podem conviver com humanos.
Adestrar resolve?
O comandante do Canil Central da Polícia Militar do Paraná, tenente Willians Taurino Moreira diz que o adestramento não neutraliza o instinto das raças violentas, mas o direciona para que os cães ajam apenas no momento certo. “A criação influencia na personalidade do animal, assim como ter uma alimentação adequada e espaço para gastar energia”, diz ele.
Contexto e treinamento
Rúbia condena o adestramento irresponsável ou mal feito. “O cão vive de contextos. É preciso criar a imagem correta do carteiro e do ladrão, por exemplo, para que ele não reaja da mesma forma em situações diferentes”, explica. O tenente Taurino considera que apenas o treinamento exaustivo pode evitar os ataques. “Ele deve ser adestrado para o bem. No treino é importante colocar o cão no lugar dele e não permitir que se veja como líder”, diz.
Castração é a solução?
A especialista Rúbia Burnier considera correta a restrição aos cruzamentos do pit bull, mas não acredita que o banimento da raça evitará problemas. “A sociedade é responsável por tudo o que cria e o homem criou o pit bull. Também não é correto abandoná-lo agora”, diz.
O tenente acha que proibir uma raça não vai evitar que ela continue existindo na clandestinidade.
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