
Há dois anos, o lhasa apso Cururu brincava com outro cachorro quando teve uma lesão na coluna vertebral. “Ouvi um gritinho e ele veio se arrastando com as patas da frente”, descreve o médico veterinário especialista em neurologia Milton Morishin, dono do animal. Felizmente, o cão teve uma hérnia de disco de grau leve, que não exigiu cirurgia. O tratamento, feito com medicamentos, repouso, fisioterapia e acupuntura, recuperou os movimentos das patas traseiras. Hoje, com 5 anos, Cururu não apresenta sequelas.

Cães de pequeno porte com o corpo alongado e as patas curtas, como o lhasa apso, o teckel (ou dachshund), o shih tzu e o yorkshire, têm propensão à hérnia de disco do tipo agudo, que na maioria das vezes atinge animais jovens, de 3 a 6 anos. De acordo com Morishin, que é professor da Universidade Tuiuti do Paraná e diretor da Clínica Escola de Medicina Veterinária da instituição, a desarmonia entre o comprimento do tronco e dos membros faz com que a coluna se arqueie mais, impactando principalmente a região entre o tórax e o abdome.
O formato comprido, no entanto, não é a única causa das lesões nos animais. Quando Cururu sofreu o incidente, estava com o peso acima do ideal. “O sobrepeso e a obesidade são grandes vilões, porque provocam sobrecarga extra na coluna. Cães com predisposição à hérnia de disco devem ser mantidos magros e esbeltos”, instrui o especialista.
O professor de Medicina Veterinária José Ademar Villanova Junior, responsável pelo serviço de neurocirurgia da unidade hospitalar para animais de companhia da Pontifícia Universidade do Paraná (PUCPR), explica que entre os ossos da coluna vertebral – as vértebras – existem discos fibrocartilaginosos que amortecem impactos. “O disco tem um recheio de consistência gelatinosa. Quando ele é desgastado e se rompe, o recheio extravasa, comprimindo a medula espinhal”, descreve Villanova. Essa é a hérnia tipo 1, ou tipo extrusão, que ocorre de forma aguda e repentina.
A medula espinhal é um conjunto de fibras nervosas por onde passam os comandos do cérebro. Por isso, quando ela é afetada, inicialmente há dor intensa, e em seguida o cão pode perder a sensibilidade, os movimentos das patas e a capacidade de controlar a urina. Nos casos mais graves, o animal fica paraplégico (perda total dos movimentos das patas traseiras).
Sinais
Se o seu cão estava brincando, pulando ou correndo, deu um “grito” e ficou paralisado, corra com o pet para um médico veterinário neurologista: ele pode ter uma hérnia do tipo 1. “A coluna pode ficar arqueada e o cachorro anda de forma trôpega, com as patas traseiras abobadas. Se ele perde a sensibilidade das patas, é um caso grave”, afirma Morishin. Se a cirurgia for necessária, quanto antes for feita, mais chances o animal terá de recuperar os movimentos.
A hérnia tipo 2 (ou de protrusão) provoca os mesmos sintomas da tipo 1, mas acontece de forma lenta e progressiva, geralmente em animais mais velhos e de porte grande. “Nesses casos, o conteúdo do disco não chega a extravasar. Ele vai deformando e pressionando a medula de forma gradativa”, explica Villanova. “Por causa da dor, o animal pode ficar ranzinza e ter mudanças de comportamento, como começar a morder as pessoas”, diz Morishin.
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