Não há um gatilho específico para o desânimo em cães, mas certas situações, como as que provocam tristeza e o tédio, podem levar os pets a se deprimirem. A perda de um membro da família, seja ele humano ou animal, podem deixá-los em um quadro de tristeza profunda. Assim como se eles não tiverem atividades no dia a dia ou ficarem sozinhos por tempo prolongado.Até a estação do ano pode ser um fator que desencadeia a depressão.
Como acontece em humanos, pode haver mudanças significativas de rotina, como diminuição de passeios e interação com outros cães e o mundo lá fora. E as mudanças de rotina em geral, época de férias e viagem dos tutores, podem estressar o cão e deixa-lo deprimido. Doenças crônicas, dores e alergias também podem fazer com que os cães adoeçam psicologicamente.
Mas como identificar se o cão está sofrendo? Se ele exibir comportamento fora do comum, esse pode ser um sinal de que algo não está bem. Muitas vezes um cão deprimido passa a ficar mais recluso, interage menos que o normal e o contrário também pode ocorrer: o cão ficar mais dependente do tutor, buscando sua atenção o tempo todo. Lembre-se sempre de averiguar a saúde física de seu pet, pois pode ser que ele também tenha algum problema físico que leve a esses comportamentos.
Já tive alguns casos de cães com ansiedade, depressão e hipervínculo com o tutor que, ao investigar melhor, descobrimos que eles tinham problemas neurológicos, ortopédicos, entre outros. A presença do tutor fazia com que se sentissem melhor. Às vezes era a única coisa a qual eles atribuíam valência emocional. Mastigar ou lamber patas excessivamente é algo que acalma o cão e se ele estiver fazendo isso mais que o habitual também pode ser um sintoma de que está depressivo.
Dormir excessivamente ou não conseguir relaxar e dormir mais profundamente também é um sinal de alerta. Mudança no apetite tanto para mais quanto para menos deve ser investigada. É necessário descartar comorbidades também nesses casos.
O tratamento varia muito conforme as causas que estão levando o cão à depressão. O mais indicado é procurar ajuda profissional de um Médico Veterinário especialista em comportamento e psiquiatria animal, que poderá avaliar as causas e indicar o tratamento individualizado.
Em muitos casos que já atendi, uma rotina com passeios, creche, enriquecimento ambiental, exercícios de comunicação e a terapia comportamental/adestramento já ajudam demais na melhora do quadro. Porque muitas vezes esses cães ganham uma qualidade de vida que não tinham antes.
A intervenção medicamentosa é necessária em alguns casos. Tanto medicação para tratar comorbidades que estão levando ao quadro depressivo, quanto psicofármacos para os casos em que o cão está com déficit de neurotransmissores.
Muitas vezes precisamos aliar várias terapias juntas para melhorar o quadro do paciente e dar-lhe mais qualidade de vida, e vale muito a pena os vermos felizes e voltando a levar uma vida normal.
*Fran Cherobim: médica Veterinária Psiquiatra
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