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Animal

Eles se mordem de ciúme

Ana Carolina Nery
01/05/2010 03:13
A maioria dos relatos de situações de ciúme normalmente se referem a raças que vivem mais dentro de casa, como o poodle, yorkshire, pinscher e cocker, que são mais mimados pela família. Também é muito comum que o sentimento surja quando o filhote é retirado cedo da ninhada, antes dos primeiros 45 dias. É nela que o cão tem a primeira lição de limites. É quando a mãe brinca com ele, late e dá um “chega pra lá”; quando bate e apanha dos irmãos, como explica o zootecnista Paulo Parrei­ra, coordenador do curso de Zootec­­­­nia da Pontifícia Univer­sidade Católica do Paraná (PUCPR).“Ele é retirado da ninhada com uma bagagem muito pequena de relações interpessoais, além de ainda ser muito frágil”. Quando chega muito filhote à família, ele costuma ser superprotegido e acaba tendo os limites pouco claros. “Esta proteção extrema pode gerar possessividade, principalmente quando ele deixa de ser atendido prontamente em suas necessidades.”
Agressões
As reações de ciúme são diversas, e po­­dem surgir em forma de isolamento ou até em ataques. “Para cães, o ciúme implica na to­­mada de uma providência pelos donos, que mui­­tas vezes envolve agressões, se forem mais briguentos”, diz o etólogo Bruno Tausz, especialista em com­­portamento e psicologia animal, autor do livro Meu Cão, Meu Ami­­go, pela editora Nobel. Os mais carinhosos comumente ficam tristes e isolados. “Outra situação bem re­­corrente é o cachorro lamber as pa­­tas até sangrarem”, diz a médica veterinária Maria Aparecida de Alcântara, professora da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).
Mais raramente, o ciúme atinge os gatos, pelo fato de os felinos serem mais resistentes ao contato próximo com o dono. Vai depender do grau da relação entre os dois. No caso deles, o comportamento é menos visível. “Quando eles sentem ciúmes, eles se isolam e dormem por mais tempo” , diz ela.
Um inimigo chamado bebê
O casal Christiane e Bruno Santos está bem mais sossegado com relação ao seu yorkshire Tommy, de dois anos e meio. Mas não foi assim quando o primeiro filho, Lucas, de 9 meses, nasceu. Em julho do ano passado, o cão começou a mudar seu comportamento, para pior. O bichinho tornou-se mais arredio e sempre arrumava uma forma de pedir atenção.
“Ele ficou mais quieto, passou a fazer as necessidades embaixo do berço e em cima do sofá e jogava longe os brinquedos do bebê”, diz a nutricionista Christiane. A médica veterinária Maria Apare­­cida de Alcântara, professora da Univer­si­dade Tuiuti do Paraná (UTP), explica que, na cabecinha do animal, esse tipo de atitude serve para chamar a atenção do dono para a presença dele no ambiente. “Nessas situações eles têm absoluta certeza de que fo­­ram abandonados e ficam de­­ses­­perados, com a sensação de estarem desprotegidos.”
Os pais de primeira viagem confessam que pararam de dar atenção ao animal, não somente pelas obrigações com o primogênito, mas por temerem pela saúde do recém-nascido. “Ficávamos o tempo todo com o bebê no colo. Por medo de contaminação, não pegávamos mais nem o nosso cachorrinho nem as coisas dele”, diz o administrador Bruno. Hoje, mais seguros, reaproximaram-se de Tommy e promovem a socialização do bebê com o animal. “Agora eles brincam, são amigos.”
Geralmente é o próprio dono que estimula o ciúme no animal de estimação. Veja quais providências você pode tomar
Imponha limites claros no cotidiano do bicho. Não deixe que ele domine.
Procure apoio, como adestramento e leitura de livros sobre comportamento animal.
Não dê carinho demais, nem de menos. Quanto mais a relação for pegajosa, mais passível de ciúme ela é.
Não substitua um ente que perdeu (pai, mãe, filho) por um bicho. Do contrário, se tornará muito dependente e inseguro.
Tenha um cão na família somente se a ideia for aceita por todos da casa.
Ou ele faz parte da família ou não faz.
Fonte: Paulo Renato Parreira, coordenador do curso de Zootecnia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
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