Os donos de gatos ainda não têm o hábito de levá-los a clínicas e hospitais veterinários. Enquanto 22% dos proprietários de cachorros já marcaram consultas para seus pets, esse índice cai para 8% quando o assunto são os bichanos. Foi o que revelou a pesquisa da médica veterinária Rita de Cássia Garcia, coordenadora do Programa de Proteção e Bem-estar de Cães e Gatos da cidade de São Paulo. O levantamento faz parte de sua tese de doutorado defendida no fim do ano passado na Universidade de São Paulo (USP).
Os profissionais confirmam essa diferença. “O desequilíbrio é considerável. Entre os meus clientes regulares, somente 5% são gatos”, comenta a médica veterinária Sani Valéria Lins, da Clínica Vida de Bicho.
Mas eles garantem: apesar de ainda serem minoria nos hospitais e clínicas veterinárias, os gatos – mesmo aqueles mais saudáveis – também precisam ir regularmente ao médico. “O ideal é levá-los independentemente da idade a cada seis meses para garantir a desvermifugação e manter o calendário de vacinação em dia. Se o animal é idoso, a frequência é ainda mais importante e são recomendados exames mais minuciosos para checar o estado de saúde”, explica Marucia de Andrade Cruz, médica veterinária responsável pela Clínica Mania de Gato, especializada no atendimento de felinos.
Causas
A explicação para a pouca frequência dos gatos nas clínicas e hospitais veterinários,segundo Marucia, é simples. “Como os cães regularmente precisam passar por tosa e banho, fica mais fácil para o responsável pelo procedimento perceber alterações e encaminhar ao médico veterinário. No caso do gato, essa necessidade é bem menor, então as visitas são mais raras e, em geral, motivadas por problemas graves, como doenças em estágio avançado ou acidentes.”
Outro motivo, segundo Sani, é a discrição dos bichanos quando não se sentem bem. “Eles conseguem disfarçar seu estado de doença, não demonstram tanto que estão com dor e tendem a se isolar nesses momentos. Por isso, os donos precisam prestar atenção a sinais sutis que indicam alterações na saúde do animal.”
Mudanças
Além das consultas periódicas, a recomendação é que os donos procurem o médico veterinário ao perceberem alguma mudança de comportamento, após acidentes e quedas. “Algumas pessoas têm o hábito de medicar os gatos em casa, mas isso pode ser muito prejudicial. Especialmente em casos mais graves, o melhor é sempre procurar por um profissional de confiança”, diz Sani.
Acompanhamento
Segundo Marucia, o acompanhamento vale a pena para prevenir e identificar possíveis problemas no início, antes que se agravem. “Com isso, é possível perceber sinais mais sutis que os donos, pela correria do dia a dia, deixam passar, mas que podem ser indícios de doenças sérias e até incuráveis se detectadas tardiamente.”
As visitas frequentes também são a chave para que os gatos tenham qualidade de vida, especialmente no caso de animais mais velhos. “Hoje é normal eles passarem dos 18 anos e, para ter uma sobrevida saudável, é preciso que sejam acompanhados de perto pelo médico veterinário”, diz Marúcia.
O gato siamês Piazinho é um exemplo disso. Com 17 anos de vida, ele vai ao médico veterinário a cada seis meses para fazer exames e garantir que a saúde está em dia. Sua dona, Rita Maria de Oliveira, garante que os cuidados com alimentação combinados com as visitas periódicas desde os sete anos fizeram muita diferença para que ele pudesse viver tanto – e com tanta qualidade.
“Apesar da idade avançada, até hoje ele não teve problemas sérios de saúde, que seriam até naturais neste momento. Ele está sempre com os exames em dia, o que dá segurança sobre a sua saúde”, explica Rita, dona de outros quatro gatos entre 11 e 2 anos, que também visitam a clínica veterinária pelo menos anualmente para vacinação e acompanhamento médico.
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