Só castigo não adianta; saiba como ensinar o cachorro a fazer a coisa certa
Giana Liebel, especial para Gazeta do Povo
10/10/2018 12:00
Especialistas explicam qual a melhor forma para ensinar os pets sem traumatizar. Foto: Bigstock
Ensinar seu pet requer paciência e pode ser um desafio para o tutor para que isso não traumatize o cachorro. Leandro Alves, da empresa de adestramento Cão Cidadão, explica que conhecer o cachorro, observar como ele reage a cada estímulo e respeitar a sensibilidade dele são as principais dicas na hora de ensinar um comando para o cachorro. “Quando algo não sai conforme o desejado e o tutor resolve aplicar um castigo, é importante entender que funcionam, mas quando utilizados, devem respeitar a integridade física e mental do cão”, alerta Leandro.
Daniele Graziani, médica veterinária comportamental, esclarece que o adestramento com reforço positivo, que é utilizado focando a perda de algo desejado diante de um comportamento indesejado, deve sempre estar aliada a ação do que seu cão deve fazer. Dani explica: “se o cão pula buscando atenção e esse comportamento não é desejado, a atenção não deve ser dada, ou seja, a pessoa deve se afastar do cão. Por outro lado, apenas isso não faz o cão entender qual comportamento realizar para receber o que deseja.
Logo, é preciso também ensinar um comportamento alternativo, como o “senta”, por exemplo, e oferecer atenção sempre que o cão cumprimentar dessa forma e não oferecer atenção ao comportamento indesejado (quando cão pula, nesse caso).
Ensinar sem traumatizar é basicamente estimular os comportamentos que desejamos e desestimular, sem punir, apenas não oferecendo beneficio algum para aquele comportamento”, esclarece Daniele.
Traumas, como lidar
Para o adestrador Leandro Alves, os traumas devem ser lidados de forma gradativa, aumentando o estímulo aos poucos, e tentando criar uma associação positiva com aquilo que incomoda o cão. “Um caso bem comum que vejo é com relação ao aspirador. Já adestrei cães que atacavam o aparelho mesmo com ele desligado. Assim que o fizemos entender que não precisava temer o aspirador, pudemos passar para o próximo passo, ligar o aparelho e trabalhar o estímulo em um nível mais alto”, comenta Leandro.
Já Daniele Graziani lembra que há os cães que são adotados e já vem com traumas. “Memórias traumáticas são gravadas com muita ênfase no cérebro, pois se trata de um mecanismo de sobrevivência, logo extingui-la é o trabalho dos especialistas em comportamento canino”, além disso, a especialista comenta que a capacidade de resiliência canina é individual e deve ser levada em conta. Nesses casos, o importante é levar os pets o quanto antes para tratamento.