O ator Ary Fontoura completa 83 anos nesta quarta-feira (27). Destes, 62 são dedicados à carreira de ator. Paranaense de Guaragi, em Ponta Grossa, ele já participou de 48 novelas na Globo. Atualmente, está no ar como o caipira Quinzinho, marido de Cunegudes (Elizabeth Savalla) na novela “Eta Mundo Bom” (RPC, 18h30), de Walcyr Carrasco.
Ary ainda vem com frequência quinzenal a Curitiba, onde moram irmãos, sobrinhos, netos e amigos. Foi aqui que ele conheceu Paulo Goulart e Nicete Bruno, na curta temporada do casal na capital paranaense. Foram poucos, mas fecundos anos, como mostrou a reportagem de Helena Carnieri no Caderno G. “As pessoas daí se agruparam em função da criação do Teatro de Comédia do Paraná [em 1963]”, relembra. Sediado no Teatro Guaíra, a companhia/escola trouxe Cláudio Corrêa e Castro para a direção e Paulo, Nicete, Leonor Bruno e Sílvia Paredo para atuar e lecionar.
A história profissional deste veterano, que já foi do circo, diretor de teledramaturgia e apresentador de show de televisão teve início ainda em Curitiba. “Comecei muito jovem, profissionalmente já, aos 15 anos. Participava daqueles programas de calouros, cantava direitinho. Depois fiz um teste para uma emissora que passou a fazer radioteatro. No fundo, talvez, já soubesse que queria ser isso”, contou ao programa “Grandes atores”, do Canal Viva.
Aos 19, o ator já tinha um objetivo: sair de sua cidade natal. “Sabia que todo o movimento teatral estava no Rio e em São Paulo.” Mas, com a reprovação dos pais, Aryacabou adiando sua mudança. “Meu pai tinha temor de que eu me desvirtuasse sexualmente. Para ele, nessa época, todo homem que trabalhava em teatro era homossexual e toda mulher era predestinada a ser puta.” O convidado chegou a cursar direito e conta como sua permanência em Curitiba foi positiva para sua carreira. “Cada peça que vinha, eu fazia. Ia por aqui. Ia por lá. Isso tudo foi me dando versatilidade. Fiz um curso de psicologia também. Me ajudou muito, passei a entender que não era apenas retirar da vida, era acrescentar tudo o que ela oferecia. O teatro é uma cópia evidente da vida. No fundo, eu pensava: ‘um dia isso vai dar certo para mim’”.
Como muitas pessoas da classe teatral curitibana, Ary acredita que hoje não é mais necessário correr para o eixo Rio-São Paulo para ter uma carreira interessante. Por outro lado, um nome nacional ainda se faz lá, ele acredita. “Hoje o pessoal daí vem com mais força, atores já formados que num clique já estão dentro de trabalhos fabulosos”, diz. “Curitiba é um celeiro de craques, de pessoas com disponibilidade absoluta para realizar grandes trabalhos.”
Entre os papéis marcantes de Ary estão o Nonô Correa, um viúvo ranzinza e mão de vaca, na novela “Amor com Amor Se Paga”, de Ivani Ribeiro. Além de “Roque Santeiro”, “Tieta”, “A Indomada” e outras produções.
Antes avesso às redes sociais, Ary agora é uma personalidade ativa e tem mais de 2.233.064 fãs em sua página no Facebook, onde compartilha opiniões, fotos e bastidores da vida de ator.
