A globalização tem mudado o mundo e isso não é de hoje. Entretanto, o que não se imaginava é que a febre das redes sociais, em que se espia de forma instantânea a vida do outro, fosse tomar essa proporção. E o lado fashion da coisa, é claro, não ficou de fora dessa brincadeira on-line.
Os desfiles são, na maioria das vezes, assistidos no mesmo segundo por pessoas do outro lado do mundo. Eles também não foram excluídos da febre Snapchat/ Periscope/ Instagram. Os consumidores que os acompanham, entretanto, têm acesso por último aos produtos que viram ser desfilados há pouco. Todas as celebridades já usaram, os looks já saíram em todas as revistas e blogs de moda para, só então, a roupa desejada chegar nas araras para os clientes da marca, seis meses depois.
Ocorre que o marketing, ainda mais em tempos de crise, está totalmente errado no formato atual. A moda vende desejo. Mas depois de um lapso temporal de seis meses entre o desfile e a data da possível compra, o desejo já passou: tudo parece velho, “too last week” para geração dos iPhones e redes sociais. O consumidor, então, não compra, já que não deseja mais tanto.
Milhares de dólares e meses de trabalho são gastos na produção dos desfiles que, após causarem alvoroço na mídia internacional, têm seus lucros reduzidos após seis meses de espera do consumidor. Em tempos de crise, tudo isso começa a soar estranho.
Mas agora, passamos pelo início de uma revolução nas semanas de moda: o fenômeno “see now, buy now”.
No modelo atual, as coleções de verão são apresentadas no inverno e as de inverno, no verão. Nesse novo formato, o contrário acontece. Você viu o look que amou no Instagram e quando vai à loja, tcharam: ele está lá, te esperando para ser arrematado!
Burberry já anunciou que entrará nesse novo desafio. Versace e Tom Ford são algumas das que seguiram o fluxo da marca britânica e também vão mudar o seu calendário de desfiles. Moschino é uma das marcas que já utiliza esse sistema há algum tempo. E tem dado certo.
Não foram só algumas das internacionais que entraram nessa nova onda, como Paulo Borges, diretor da São Paulo Fashion Week, principal semana de moda do Brasil, já avisou: teremos a primeira semana de moda mundial a entrar 100% nesse novo modelo. Assim como a Burberry, afirmou não ver sentido nas chamadas coleções de inverno ou verão.
Entretanto, marcas como Chanel e Dior estão se opondo ao novo método. Para elas, o desejo é criado justamente na espera.