Cultura

Bob Wolfenson acredita que revistas que retratam nu acabaram

Bruna Covacci
03/10/2015 10:00
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O renomado fotógrafo internacional Bob Wolfenson, abriu no último dia 22, em São Paulo, a exposição “À Flor da Pele”, que marca o modo de ver e registrar o universo feminino Brasileiro nas últimas décadas. A mostra conta com cerca de 150 imagens de mulheres como Gisele Bündchen, Fernanda Young, Camila Pitanga e Fernanda Torres clicadas pelos melhores nomes da fotografia.
Segundo Wolfenson, a exposição surgiu de um desejo de se comunicar com o público de uma forma diferente. “Olhando em retrospectiva, nos deparamos com uma quantidade enorme de assuntos e imagens, e vimos também quantos artistas, quer na frente ou atrás das câmeras, figuraram em nossas páginas. Pensamos que não poderíamos contemplar tudo, mas fizemos um recorte a partir do universo feminino em todos os aspectos no qual ele foi tratado e retratado na revista”, explicou. Na ocasião do lançamento, abordamos temas como fotografia e personalidade feminina e até a polêmica dos “nudes” nas revistas femininas.
Por que você gosta tanto de fotografar mulheres?
Sou apaixonado por elas. Gosto da beleza, da malemolência e amo a forma com que elas se colocam em frente às câmeras. Mas a fotografia e o cinema são muito parecidas, se a atriz for ruim as cenas não serão ótimas. Quem faz a fotografia boa é a modelo.
Como é a sua rotina na hora de fotografar para a Playboy ou para um revista de moda?
O briefing existe. Mas, ainda assim, a gente precisa promover o imponderável. Nada é previsível num ensaio fotográfico.
O que você acha da decisão da Playboy americana de não fotografar mais mulheres nuas?
Acho que as revistas nuas acabaram. A internet destruiu isso. Quando eu fotografei a Maitê Proença só se falava nessa revista. Mas eu entendo que isso passou, agora a gente vai se lembrar disso tudo com nostalgia.
Você é a favor dos padrões de beleza?
Eu não tenho que ser contra ou a favor. Acho que o importante é a mulher se sentir bem, mas todas as épocas têm o seu modelo de mulher. É uma coisa que elas seguem.
Como a fotografia pode traduzir a personalidade de uma mulher?
Não acredito que uma imagem possa mostrar a personalidade de uma mulher, mas acredito no retrato como espaço de encontro, e acho que quando essa magia acontece entre fotógrafo e fotografada, conseguimos enxergar um pouco da alma dessa mulher.
A moda liberta ou aprisiona as mulheres?
A democracia da moda sem dúvida liberta as mulheres para vivenciarem suas diversas facetas e sentimentos, mas como dizem, onde há uma grande liberdade há também uma enorme responsabilidade, pois na medida em que podemos tudo, temos que arcar com as consequências dessa multiplicidade de escolhas. Isso pode também ser uma prisão dependendo da ótica escolhida.
SERVIÇO: A exposição patrocinada pela C&A, por meio da lei de incentivo estadual de cultura – PROAC, fica até o dia 20 de novembro na Praça das Artes, no centro de São Paulo, com entrada franca.