No Facebook,o intérprete do personagem, Eduardo Sterblitch, afirmou estar chorando. (Foto: reprodução/YouTube.)
O programa Pânico na Band foi denunciado por racismo pela Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil, entidade ligada ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O que motivou a ação foi o personagem Africano, parte do quadro Pânico’s Chef – sátira ao Masterchef. A denúncia foi encaminhada à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República.
Em nota, o Pânico na Band disse que vai retirar o personagem do ar, e alegou não haver tido intenção de ofender. “O Pânico em nenhum momento quis ofender ninguém, tanto que no quadro em que o personagem foi ao ar, o Pânico’s Chef, tem diversos outros personagens de diferentes etnias, japonês, nordestino, por exemplo, que preparam pratos típicos das regiões que moram, enfim, nenhum deles foi criado para ofender.”
Interpretado pelo ator branco Eduardo Sterblitch pintado de preto, Africano não fala, apenas emite grunhidos, dança de forma caricata e se comporta como um ser primitivo. Veja no vídeo abaixo.
“Além da prática lamentável do chamado black face, esse programa coloca o personagem como um ser imbecilizado, o que contribui para a baixa autoestima das pessoas, a estereotipização de segmentos da população e traz os resquícios da escravidão”, afirmou ao Globo o presidente da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil, Humberto Adami.
Blackface – do inglês, black, “negro” e face, “rosto” – se refere à prática teatral de atores que se coloriam com o carvão de cortiça para representar personagens afrodescendentes de forma exagerada.
A repercussão negativa começou na internet, com a indignação dos espectadores, mas alcançou níveis internacionais. O portal senegalês Seneweb.com publicou uma matéria intitulada “Brasil, um país racista? Vejam como eles zombam dos africanos”.
O ator que interpreta Africano se manifestou no Facebook, dizendo estar chorando. O post de Eduardo Sterblitch foi ironizado por ativistas do movimento negro, que são muitas vezes acusados de vitimismo ao denunciar racismo.
