Por Palhaço Antvin (Antonio Vieira Junior), Hospital Infantil
Isso foi no dia das mães.
Estávamos em trio e nos preparávamos para cantar uma canção em homenagem a elas, até que de repente o tempo foi suspenso, vimos sair de um dos quartos uma mãe aflita com a filha desacordada nos braços. Rapidamente a equipe médica e de enfermagem entrou em ação. Perdemos o ar por alguns instantes, contraídos em nós, sem muito a fazer. Enquanto os procedimentos eram realizados na sala ao lado, nos direcionamos em câmera lenta e em silêncio para o final do corredor.
[Pausa]
Ao trabalharmos como palhaços em hospitais, temos uma noção de que tudo o que pode acontecer nesse ambiente irá acontecer independentemente da nossa presença no local. Não temos controle sobre esses fatos, e o nosso estado de palhaço ajuda a ampliar os sentimentos, e ali naquele momento, sentimos a dor, a angústia, o medo, a esperança…
[Desfecho]
Após passar em dois leitos, ao retornar para o corredor, nos deparamos com aquela mãe novamente, voltando com a filha acordada e salva! Ana ainda muito nova para entender sua própria rotina, sorriu e grudou em nós, se projetando para frente e pedindo colo. Aproveitamos o momento para cantarmos a canção que havíamos preparado e o tempo pareceu fluir novamente.
Leia mais uma história do livro "Encontros, risos e outras molduras: um breve retrato da arte da palhaçaria em hospitais": Meses de coragem.
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