Risos

Como uma andorinha

Nariz Solidário
Nariz Solidário
10/06/2024 15:28
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Por Palhaço Antvin (Antonio Vieira Junior), Hospital Infantil
O dia chuvoso agitou as crianças do leito, a equipe autorizou a saírem das camas e a buscarem o que fazer nos corredores. Nem parecia que lá fora caia uma tempestade. Esperanza e eu avistamos uma garotinha numa cadeira de rodas, aborrecida por não poder brincar como as outras.
Esperanza cresceu de repente, abriu e agitou seus enormes braços, convocou a força das andorinhas e convidou Thayslaine para um voo incrível. Com um olhar triste, a menina exclamou:
— "Não posso voar como elas!".
Perguntei resoluto: "Como não? Aposto que você consegue voar tão rápido e tão alto quanto elas!” Ela arregalou os olhos desconfiada, interessada no desafio e perguntou: "Ué, mas como?". Orientei que mexesse seus braços como se fosse um pássaro e comecei a empurrar aquele pequeno avião monomotor. Começamos a pegar velocidade.
Ela "voou" com as demais andorinhas e com a esperançosa Esperanza pelo corredor inteiro! Voamos até esgotar nossos combustíveis pulmonares. Ao final, nos despedimos daquela moldura e daquela suspensão, ouvimos um "amei voar, mãe" que soou como um vento leve, uma brisa. Aqueles olhos marejados de sua mãe nos guiaram adiante e avante.
Leia mais uma história do livro "Encontros, risos e outras molduras: um breve retrato da arte da palhaçaria em hospitais": Estava no ar, era o jogo da vez.