Por Palhaço Caculé (Raphael Moraes), Centro de Atenção Psicossocial - CAPS)
Sempre que víamos Maurício, seu olhar estava em momento de viagem, aquela viagem íntima sem muito interesse em realizar convites alheios. Dessa vez, eu e Lupita encontramos um olhar diferente, claramente de alguém que chega em uma estação da qual se espera muito. Maurício estava eufórico, ansioso e vibrante.
— Que vibração é essa, Mauricio? Que maravilha, conta pra gente! Com voz empolgada, respondeu:
— Estou super feliz, é hoje, é hoje! Hoje meu pai vem me buscar, vou embora.
— Caramba Maurício, que notícia magnífica! Nos conta mais sobre seu pai.
— Meu pai é carioca!
— Carioca? Então ele fala carioquês?
— Sim, fala. Hoje vem me buscar. Vou partir!
Felizes com a notícia, formamos uma roda e dançamos um clássico do samba carioca: “Deixa a vida me levar, vida leva eu, deixa a vida me levar…”
Nos despedimos daquele encontro deixando um abraço ao carioca, pensando na saudade, mas feliz com aquele outro encontro, que resultaria em sua partida.
Até breve, Maurício!
Leia mais uma história do livro "Encontros, risos e outras molduras: um breve retrato da arte da palhaçaria em hospitais": Entre mãos.
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