Por Palhaça Ariela (Katia Proença), Hospital Infantil
Naquele dia, ao passar por aquela grande passarela que muitas pessoas chamam de corredor, ouvimos sons de todos os lados. Eram passos rápidos e apertados, carrinhos que arranhavam o chão, conversas que pareciam reuniões de trabalho, havia barulhos, borbulhos e ruídos.
Ouvimos em um dos quartos um som diferente de todos os outros, um que nos agradava muito, que nos convidava e, assim, entramos.
A primeira imagem: uma mulher com longos cabelos e voz suave cantava para sua mãezinha. A mãe que, naquele momento, preferiu ficar deitada ouvindo… Chegamos e nossos olhares se cruzaram, mas a canção entoada pela filha de voz suave continuava a dar ritmo àquele quarto.
Ali, nossas vozes se misturaram e transformaram o ambiente em palco! Perfeito! Quando me dei conta, estávamos todos ali, fazendo parte daquele show, sendo a atração principal. Um momento fascinante, com o som doce de ninar de uma filha para sua mãe, que também é avó e filha, mãe e avó, que ali, naquele momento, eram elas, o presente e só.
Saímos depois de uns instantes, e antes que nos afastássemos o suficiente, lá de dentro ainda se ouvia a canção, que ia ficando mais baixa conforme nos distanciávamos. Me peguei sorrindo.
Leia mais uma história do livro "Encontros, risos e outras molduras: um breve retrato da arte da palhaçaria em hospitais": Bola invisível.
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