Encontros

No fundo sempre tem um Oi!

Nariz Solidário
Nariz Solidário
10/06/2024 18:07
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Por Palhaça Esperanza (Priscila Velozo), Hospital Infantil
Na preparação para iniciar mais uma visita, tem sempre aquele momento em que se busca o estado do palhaço.
Nessa hora, vamos desenvolvendo a vitalidade, generosidade, alegria e energia, nos planejando para o contato, a conexão e os olhares – do outro e de nós mesmos.
Assim, formamos duplas e a minha daquele dia era o Caculé. Iniciamos a visita tão animados, com aquela imensa vontade de se conectar e de se encontrar, sem contar a expectativa de como seria e o que poderia acontecer. Foi dessa forma, com toda essa energia, que entramos no primeiro quarto.
Lá, encontramos Julia, que estava bastante debilitada no leito, acompanhada por seu pai e mais uma familiar. Além dela, havia mais uma paciente nesse quarto, que estava no colo de sua mãe e também se encontrava um tanto debilitada.
O pai da Julia, notando nossa presença, projetou-se para ela com entusiasmo buscando comunicação da filha conosco. Não tendo retorno, explicou que, devido ao seu estado de saúde complicado, ela tinha muita dificuldade para falar. Ficamos um tempo apenas ouvindo aquele pai desabafar sobre a situação que sua filha vivia já há algum tempo.
Ouvimos atentamente tudo o que tinha a nos dizer e depois de alguns instantes, tentamos uma nova conexão com a pequena Julia. Dessa vez, apostamos num simples "oi". Olhamos com delicadeza nos olhos de Julia e soltamos um sincronizado "oi". Julia respirou fundo e lentamente, na sequência nos respondeu "oooooooooiiiii"!
Sim, escrevo assim porque foi verdadeiramente dessa forma que ela respondeu! Algo mudou naquele quarto. A reação de boa surpresa tomou conta de todos os presentes ali.
Levamos com a gente aquele momento, com a reflexão de que, algumas vezes na vida, tudo pode ser uma questão de apenas um “oi”.
Sendo sincera, foi o "oi" mais lindo que já ganhei!
Leia mais uma história do livro "Encontros, risos e outras molduras: um breve retrato da arte da palhaçaria em hospitais": Onde está a sua mãe?