Por Palhaça Lupita (Sabrina Almeida), Hospital Universitário
Éramos três. Já tínhamos passado por muitos quartos e corredores, então fomos para uma ala em que não costumava haver pacientes com frequência. Ali, inclusive, muitas vezes encontramos apenas os colaboradores do próprio local realizando a limpeza ou organizando equipamentos.
Ali também é a morada de um padre. Sim, de um padre, o padre “Zumiro”. Padre Zumiro, que segundo as boas línguas do local, não tem muita simpatia por palhaços. Sendo verdade ou não, já não quero caçar encrenca. Sempre tivemos medo e curiosidade de encontrá-lo pelos corredores…
E lá fomos, pé antepé, entrar na morada do padre. Primeiro, começamos a realizar nossas interações com as colaboradoras que estavam na recepção. É claro que, você já pode imaginar, o assunto era o ilustre morador daquela área.
Perguntamos às enfermeiras se era verdade que o padre era exigente em suas relações, quem eram seus melhores amigos, seus segredos, como vivia, o que comia, entre outras perguntas curiosas que conseguimos elaborar no momento.
Por mais que tivéssemos bastante receio de encontrá-lo, a curiosidade de saber quem era o famoso espantador de palhaços era ainda maior, portanto, prosseguimos com as interrogações. Acredite, pensamos até em escrever uma carta e colocar por baixo da porta dele.
Enquanto ainda indagávamos sobre quem ele era e como seria encontrá-lo, ouvimos o barulho do trinco e percebemos que era a porta da moradia do padre que se abria.
O peito se encheu de coragem, mas as pernas nem tanto, nos olhamos rapidamente e tivemos a mesma reação: fugir! Sem pestanejar nem titubear e sem correr o risco de tropeçar, saímos em uma corrida esbaforida, uma mistura de “salve-se quem puder”, “cada um por si” e “quem chegar por último é a mulher do padre”, é claro.
Leia mais uma história do livro "Encontros, risos e outras molduras: um breve retrato da arte da palhaçaria em hospitais": E a realidade fugiu (lado de dentro, lado de fora).
