Saúde e Bem-Estar

À Fada do Dente, com carinho

Larissa Jedyn
20/08/2006 23:30
O dentinho cai e é depositado debaixo do travesseiro para a Fada do Dente, que em troca dele deixará uma moedinha… Ou se preferir, você pode jogá-lo no telhado e pedir a um tal de Mourão que “leve esse dente e traga outro são”. Essas e outras historinhas permeiam o imaginário infantil na época em que as crianças trocam os dentes, mais ou menos entre 6 e 12 anos. A fase é importante e cheia de significados, considerando os dentinhos que vão embora e os outros que precisam ser bem cuidados para a vida inteira. Segundo a terapeuta ocupacional paulista e pedagoga Waldorf, Pilar Tetilla Manzano Borba, é interessante que os pais utilizem a linguagem simbólica. Com essa idade, as crianças ainda não têm sua consciência totalmente desperta e as imagens podem ajudar a prepará-las para uma vida futura com mais confiança e segurança.
“As crianças encaram essa fase com naturalidade, uma vez que estão todas trocando os dentinhos nessa idade. Pode até surgir algum medo, já que irão perder algo, mas tendo um adulto carinhoso que lhes diga que ganharão outro dente no lugar daquele, elas ficarão bem mais tranqüilas”, comenta Pilar. E há que se ter dose extra de carinho e paciência para esperar o dentinho cair sozinho ou, no máximo, com um puxãozinho quando estiver preso só por um fio. “Não deveríamos jamais apressar sua queda. Na vida da criança a tudo tem que se dar o tempo que ela necessita para elaborar dentro de si. A sociedade moderna tem a mania de apressar tudo. A ansiedade na criança muitas vezes vem do adulto apressado que tem a seu lado”, diz a terapeuta.
Cada dentinho de leite tem como função guardar lugar de um outro permanente que nascerá em breve. “Se for tirado antes, os dentes que virão poderão não ter espaço para nascer e provocar um problema ortodôntico. Isso não quer dizer que a criança não vá mexer, sentir quando está molinho e até puxar quando ele estiver já sem a raiz”, explica a odontopediatra Liliana Temporão. “Há ainda quem descubra o dentinho mole e não mexa, nem escove para evitar que caia. Muitas vezes, o outro permanente já está nascendo e acaba sendo necessário vir ao consultório para extrair o dente de leite para evitar que fiquem encavalados”, diz.
Conforme os odontopediatras Liliane Moreira Macedo e o Fabian Calixto Fraiz, que trabalham juntos, a perda do dente de leite – chamado de decíduo – é um processo natural e ocorre por uma necessidade física. Quando a pessoa cresce, precisa de dentes compatíveis com os novos esforços mastigatórios e anatomicamente mais adequados à adolescência e à fase adulta. “Normalmente as crianças curtem esta fase já que é representativa de mudança e crescimento, sentem-se importantes e valorizadas pela novidade, não sentem vergonha ou ansiedade. No entanto, é conveniente explicar para ela o que está acontecendo. Nas livrarias existe uma boa quantidade de livros que tratam desta questão. Preservar os aspectos culturais da família também pode ser interessante e uma oportunidade de integração”, dizem.