Saúde e Bem-Estar

Brigas do casal não devem ser feitas perto das crianças

Camila Rehbein
27/03/2016 11:00
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Brigar na frente das crianças pode trazer diversas consequências negativas para elas. Na maioria dos casos, a sensação de insegurança e medo do que está acontecendo pode ser um fator determinante para que a criança desenvolva algum tipo de distúrbio em alguma etapa da vida. De acordo com a psicóloga Priscila Badotti, os filhos não têm maturidade para entender que aquilo não tem relação direta com eles e, na maioria das vezes, não sabem como lidar com essas emoções. “Quanto mais nova for a criança, menor será a sua capacidade cognitiva e emocional para lidar e administrar a briga entre os pais. Porém, mesmo não entendendo o motivo e o conteúdo do que está sendo dito nas brigas, poderá absorver a hostilidade e toda a tensão do conflito”, explica.
Ansiedade e insegurança são somente alguns dos problemas que podem surgir com as brigas constantes. Segundo Badotti, algumas crianças podem apresentar sintomas físicos, como vômitos e febre após presenciarem as brigas e agressões entre os pais. E por mais que as discussões aconteçam na primeira infância, as consequências podem se manifestar também na vida adulta, principalmente porque sua referência de relacionamentos estará sendo transmitida pelos mais velhos.
Mesmo no calor do momento é importante tomar cuidado em relação ao que dizer perto delas, pois além de não ser bom para os filhos se envolverem em assuntos que não estão relacionados a eles, a especialista afirma que não é um bom exemplo a se dar para os pequenos. Pensando nisso, o Viver Bem selecionou 8 frases que os pais devem evitar falar perto dos filhos. Confira:
“Foi você quem quis ter filhos”: a primeira coisa que uma criança pode pensar ao escutar isso é que não foi desejado por seus pais. Nesse momento o filho pode se considerar um erro e pode sentir que não merece ser amado. “Além disso, ele pode sentir-se culpado pela briga dos pais, o que não é de forma alguma positivo para ela”, pontua a psicóloga.
“Se continuar assim, vamos ter de nos separar”: a separação pode ser uma alternativa para os pais que já tentaram de tudo para resolver suas diferenças e conflitos no casamento. Porém ela precisa ser avisada com cautela para que não haja problemas futuros. “De forma alguma a criança deve ficar sabendo da separação durante uma briga dos pais, em que há todo o sentimento de raiva envolvido”, destaca Badotti. A especialista aponta que essa decisão deve ser comunicada quando a decisão for definitiva e não deve ser disparada perto dos pequenos apenas como ameaça.
“Só não me separo de você por causa das crianças”: é um peso muito grande para os filhos serem o motivo principal dos pais ficarem juntos. Ao escutar essa frase, os filhos podem mudar seu comportamento visando apenas o bem-estar dos pais para que eles não se separem. Mais tarde, se o casal realmente decidir seguir suas vidas separadamente, a criança pode tomar para a si a responsabilidade além do sentimento de culpa e fracasso que pode perdurar até a vida adulta.
“Se você não mudar, vou embora e não volto nunca mais”: “se um dos pais diz que vai embora logo após uma briga, também pode passar para a criança a ideia de que não devemos resolver conflitos e, sim, fugir deles”, ressalta a especialista. Além desse mal exemplo, a criança pode ficar ansiosa por achar que a qualquer momento um dos pais pode ir embora e nunca mais poderá vê-lo novamente. Mesmo que um deles vá embora, é importante deixar a criança segura do amor dos pais. “Ex-mulher e ex-marido, sim. Ex-pai e ex-mãe, nunca! ”, completa.
“Você não está nem aí para as crianças”: se há discordância na forma utilizada para a educação dos filhos, ela nunca deve ser exposta na frente das crianças. Além de deixa-las confusas e ansiosas, distorce o papel da mãe ou do pai na cabeça da criança e tira a autoridade do parceiro. Se houver pontos a serem alinhados, a conversa precisa ser feita a dois e resolvida longe dos filhos.
“Nosso filho puxou a sua preguiça”: não existe nada de positivo que possa ser retirado de uma afirmação assim. O principal ponto destacado pela psicóloga Priscila Badotti é que a criança pode interpretar aquilo como sendo uma verdade e passe a reforçar esse comportamento. “Corre-se o risco da criança se ver de forma negativa e isso não deve acontecer”.
“Não fala mais comigo, quero distância de você”: o primeiro ponto a ser reforçado aqui é que a educação vem pelo exemplo. Assim, cabe aos pais ensinar de forma positiva como reagir quando se depararem com conflitos ao longo da vida. “As crianças aprenderão a lidar com conflitos à medida que observarem as pessoas mais próximas delas. Além disso, se ela for egocêntrica, pode achar que a frase se aplica a elas também”, diz.
“Nunca vou perdoar você por isso”: a palavra “nunca” tem um impacto muito grande para as crianças. Por não terem maturidade para lidar com conflitos tão intensos quanto os vivenciados por seus pais, a assimilação de que após uma briga não devem perdoar o coleguinha é muito grande. Lembre-se sempre: seus filhos irão reproduzir de alguma forma o que veem dentro de casa.