Saúde e Bem-Estar

Conheça os apps que a geração pós-Face está usando!

Katia Michelle, especial para a Gazeta do Povo
17/06/2016 22:00
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Maria Júlia (Maju), 12 anos, com a mãe Carolina Moro: uso pela filha de redes como Musical.ly tem acompanhamento. Hugo Harada / Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Enquanto você está curtindo e comentando aquele textão no Facebook, provavelmente, a criança ou adolescente mais perto de você já fez três vídeos no Snapchat, postou cinco dublagens no Musical.ly e de quebra já postou selfies com os filtros mais novos do Instagram. Pois é, as redes sociais avançam com a velocidade de um viral. Como acompanhar o que as crianças e adolescentes publicam e como utilizam a rede, sem parecer o tiozinho do “pac man” (sim, aquele conhecido joguinho)?
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O fato é que a maioria dos pais dos adolescentes de hoje está vendo uma avalanche de redes sociais que não existiam “na sua época” e muitos não conseguem alcançar a velocidade da mudança. Ou seja, enquanto os pais estão indo com uma postagem do almoço de família, os filhos estão voltando com centenas de fotos com “cara de cachorrinho”, um dos filtros do Snapchat mais usados nas últimas semanas (mas enquanto você está lendo essa matéria, isso já pode ter mudado). E se você ainda está perdido com todas essas nomenclaturas, está na hora de dar uma olhada no celular. Seu e do seu filho (a).
É o que faz a assessora jurídica Carolina Izar Moro, 39 anos. Quando a filha, Maria Júlia, de 12 anos, mostrou, empolgada, um dos vídeos que postou no Musical.ly, plataforma para criar e compartilhar vídeos curtos de música e dublagem, ela não tinha a menor ideia de como funcionava. “Eu costumo não interferir no que ela posta, mas faço uma série de orientações”, diz a mãe que aproveita quando a filha mostra as novidades para se inteirar do assunto. Aplicativo novo ou conhecido, no entanto, há regras, conforme alerta Carolina.
Fotos ou vídeos que apareçam o uniforme da escola, com pouca roupa e sites de bate-papos em que desconhecidos podem entrar estão vetados. Com essa orientação e muita confiança, a filha tem uma certa liberdade para usar as redes sociais, mas sempre conversando com a mãe em caso de dúvidas.
Maju, como Maria Júlia é chamada, gosta de usar o Snapchat, o Musical.ly, o Whatsapp, o Instagram e o Facetime. É assim que se comunica com os amigos e fica por dentro do que os ídolos fazem. E o Facebook, será que ela usa? A mãe conta que ela entrou na rede social aos 10 anos, quando ganhou o primeiro celular, e apenas para se cadastrar em alguns jogos. Maju conta o que acha da rede hoje em dia: “acho que as pessoas comentam muita bobagem e postam muitas opiniões políticas desnecessárias. Não faz muito sentido pra mim. Por isso, prefiro o Instagram, que tem imagens”, conta.
É no Instagram que ela posta as fotos com as amigas – todas devidamente “marcadas” nas fotos – e é pelo aplicativo também que ela recebe a maioria das “likes”. “Eu fico feliz quando tem bastante curtida, mas gosto mais quando minhas amigas comentam”. As fotos são escolhidas com bastante cuidado e confessa que só posta as que ficaram “mais bonitas”. “Eu não sei se daqui a alguns anos eu vou ter vergonha do que postei. Muitas fotos eu já apaguei e pensei: nossa, como tive coragem de postar isso?”, brinca.
Para garantir que a menina não publique nada sem autorização, os aplicativos são utilizados no celular da mãe. Não foi bem uma exigência. “O celular dela foi roubado, então ela usa os aplicativos no meu aparelho. Eu acabo vendo e acompanhando tudo que ela posta, mesmo não tendo nada em meu nome”, conta a mãe que diz confiar bastante na educação que dá a menina. “A Maju é uma menina bem tranquila, sei que posso confiar nela”, orgulha-se.
Sem anonimato
A empresária Tattyana Marchand, de 39 anos, costuma dizer para a filha, de 12, Isabela Marchand: “você só pode postar o que você gritaria no meio da escola para todo mundo ouvir”. A orientação surte efeito na hora de publicar, mas não hora de acompanhar os amigos e ídolos, já que a menina, conforme diz a mãe, “fica muito mais tempo no celular do que ela gostaria”. Antenada, Isabela tem Whatsapp, Musical.ly e Snapchat e adora receber curtidas quando faz alguma postagem. “Escolho as fotos mais bonitas, quando não tem muita curtida eu apago”, confessa.
Isabela, 12 anos, com a mãe Tattyana Marchand: confiança na educação dada a filha. Arquivo pessoal
Isabela, 12 anos, com a mãe Tattyana Marchand: confiança na educação dada a filha. Arquivo pessoal
A mãe, por sua vez, acha confuso acompanhar tantas novas mídias surgindo e revela que “tem que confiar na educação que deu até agora” para a garota. Dentro de casa, alguns combinados, como não pegar o celular em determinadas horas, são regras da família para tentar fazer Isabela “largar o celular” e se distanciar um pouco das redes sociais. “A sensação que tenho é que é tudo muito impessoal. Eles se escondem atrás do celular. Meu medo é que, para ter a aceitação do grupo, ela acabe postando fotos ou vídeos que a prejudiquem futuramente”, desabafa.
Nova era
Acompanhar os filhos e dialogar sobre essas novas mídias e redes sociais é fundamental, mas tentar controlar tudo é “inútil”, conforme afirma a psicanalista Juliane Kravetz. Para tentar compreender esse mundo e não afastar o adolescente do convívio familiar, a psicanalista dá algumas dicas:
1. Conhecer as novas redes é importante, mas isso não significa que você precisa estar nelas.
2. Fique atento ao que os adolescentes postam, mas saiba que controlar tudo é impossível.
3. Converse sobre o excesso de uso das redes sociais, estabelecendo limites, mas sem proibir.
4. É inútil tentar privar os filhos das redes sociais. Este é o mundo atual e a forma como eles se comunicam é assim.
5. Saiba que cada caso é um caso. O isolamento para alguns é a comunicação para outros. Caso note um comportamento muito diferente, procure orientação de um profissional.
Em alta
Redes que caíram no gosto dos adolescentes:
Musical.ly e Dubsmash: aplicativos criam efeitos sonoros em vídeos. Permitem que o usuário duble suas canções favoritas em um vídeo de no máximo 30 segundos. Mas atenção aos pais: desconhecidos aparecem como pessoas seguidas sem a autorização do usuário.
Snapchat: rede social de mensagens instantâneas, que pode ser usado para enviar e publicar texto, fotos e principalmente vídeos. A diferença é que o conteúdo fica no ar por apenas 24 horas. Nem por isso, porém, “desaparece” da rede.
Tumblr : é como se fosse um twitter misturado com blog. Enquanto o twitter, que pode limitar o número de caracteres para cada publicação, o Tumblr permite o compartilhamento de vídeos, imagens, textos, links e áudios.