Saúde e Bem-Estar

Infância sem carne exige cuidados

Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo
19/02/2016 22:00
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A busca por um estilo de vida mais saudável na primeira infância tem levado muitos pais a adotar dietas vegetarianas e veganas para os pequenos. A prática é apoiada desde que haja o devido acompanhamento para garantir uma alimentação balanceada em nutrientes específicos, como proteínas. Nestes casos, quando não há consumo da proteína de origem animal, a substituição adequada deve acontecer por meio da inclusão de proteínas vegetais no cardápio. Alimentos como tofu, ervilha, quinoa, feijão, lentilha e grão-de-bico, podem cumprir de forma excelente esta função, segundo especialistas.
Risco e suplementação
O maior risco está na deficiência de vitamina B12, encontrada em grande quantidade na carne vermelha e indisponível nos vegetais, o que demonstra que a simples adoção de uma dieta livre de derivados animais não torna a criança, obrigatoriamente, mais saudável que outras. Sempre haverá preocupação quanto ao aporte dessa vitamina, especialmente nas condutas muito restritivas. Esta vitamina é importante para a formação do sistema nervoso, atua diretamente na produção de sangue e novas células e sua deficiência está associada a anemias e problemas de desenvolvimento cognitivo. Para suprir essa carência, geralmente recomenda-se a suplementação com fórmulas que contêm vitamina B12 não apenas para crianças, mas para todos os vegetarianos, daí a importância do acompanhamento profissional.
Preparo em casa
O maior obstáculo à adaptação das famílias ao vegetarianismo se relaciona ao baixo número de restaurantes preparados para o aumento no número de vegetarianos e veganos, obrigando-as a terem de preparar suas próprias refeições com mais frequência. Também é preciso cuidar para que a dieta seja variada e não fique restrita a carboidratos.
A importância da carne vermelha
A carência de proteínas pode afetar o desenvolvimento da criança. Encontradas em abundância na carne vermelha, elas são responsáveis pela construção de tecidos musculares e pela condução do oxigênio pelo organismo, promovendo maior clareza mental. Além disso, desempenham funções imunológicas e servem como fonte de energia, garantindo maior resistência a atividades físicas.
A carne vermelha tem uma quantidade significativa de ferro biodisponível, que evita quadros de anemia. A anemia ferropriva ou deficiência de ferro, está relacionada ao déficit cognitivo, ou seja, baixo rendimento escolar e dificuldades de atenção e concentração. Também origina lapsos de memória, cansaço, sonolência e fraqueza. Ela contém todos os aminoácidos essenciais ao corpo humano, além de ser rica em zinco e vitaminas do complexo B. Quando consumida em quantidade adequada e sem exageros, de preferência de gado criado em pastagens naturais e orgânicas, é uma fonte proteica de qualidade indiscutível.
Livre de carne
Em uma dieta completamente livre de carne vermelha, aposte em cereais, gema de ovo (ovolactos), vegetais verdes, oleaginosas, frutas secas e grãos. Todos são ricos em ferro e devem ser associados a uma fonte de vitamina C para uma melhor absorção.
Busque orientação
A opção pelo vegetarianismo resulta em baixa ingestão de ácidos graxos saturados e gorduras, e alta de fibras e fitoquímicos benéficos para o desenvolvimento infantil. Porém, como em qualquer outra dieta, o sucesso depende da qualidade e da quantidade dos alimentos consumidos, tornando-a adequada ou não do ponto de vista nutricional. Somente desse modo não haverá prejuízos ao crescimento e desenvolvimento de uma criança vegetariana.
Fontes: Luisa Wolpe Simas, nutricionista e especialista em nutrição clínica pela UFPR, e Astrid Pfeiffer, nutricionista e conselheira da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB).