Psicóloga e consultora em educação Rosely Sayão está lançando o livro Educação sem blá-blá-blá, pelo selo Três Estrelas e editora publifolha, reunindo suas colunas publicadas no jornal Folha de S. Paulo. A Gazeta do Povo fez uma entrevista exclusiva com ela, falando sobre educação dos filhos na atualidade. “A gente traz filhos ao mundo um pouco para satisfazer nosso narcisismo, mas os filhos devem ser desejados como de dentro para fora”, diz.
GP: Pais separados têm mais dificuldades para criar filhos?
Rosely Sayão: O maior problema é o ex-casal conseguir se dar conta de que mais do que ex-casal eles são pais. O casamento acaba, mas a relação com pai e mãe do filho continua. As figuras continuam as mesmas, mas há o acréscimo de novas figuras como madrasta, padrasto, que também têm que ser figuras de autoridade. A maior dificuldade é conseguir que pai e mãe conversem sem mágoas ou ressentimentos.
GP: Os pais querem que seus filhos não sejam nem moles nem inflexíveis demais. Como estimular o equilíbrio?
Rosely Sayão: O melhor que pais podem fazer é ajudar o filho a se conhecer, saber o que quer, o que não gosta, desviar o que não gosta, escolher o que quer. Os pais hoje têm interferido demais na vida do filho. Eles deveriam interferir menos e passar mais valores a eles. Os filhos não estão para satisfazer os pais. O que podemos querer é que eles sigam em frente e que sejam independentes.
GP: Vigiam-se demais hoje?
Rosely Sayão: Sim, as crianças são muito controladas. Todo educador repete que a criança precisa de limites, mas elas estão com a vida muito limitada. Eles não precisam contar tudo aos pais, eles precisam de espaço para experimentar diferenças, ver se algo dá certo ou assim ou assado, e observar as consequências dos seus atos.
LEIA TAMBÉM
GP: Estamos pressionando demais nossas crianças?
Rosely Sayão: Há muita patrulha por todos os lados, sobre ter ou não filhos, sobre passar ou não por parto normal! Hoje nenhum ser humano tem sossego para escolher sem pressão. Muita gente também acaba tendo filhos por uma idealização, como um ideal de consumo. Ter filho tem sido mais um querer de fora para dentro que de dentro para fora. Some-se a isso essa ideologia da juventude, que acaba um pouco quando se tem filho, pois é preciso abdicar um pouco de si e assim surgem os conflitos.
GP: Há como o pai fortalecer traços de personalidade?
Rosely Sayão: A gente deixa duas heranças aos filhos, uma conhecida e outra desconhecida. A conhecida é o que a gente ensina, o que transmite a eles como um norte. A desconhecida é a que floresce no embate do cotidiano deles, ao interpretarem o mundo ao seu modo. Há sempre um imponderável. Hoje virou moda achar que educação pode ser uma espécie de vacina, mas isso é apenas um patrimônio que damos aos filhos, não algo que vão necessariamente seguir.
Lançamento
Título: Educação sem blá-blá-blá
Autora: Rosely Sayão.
Selo Três Estrelas.
Editora Publifolha.
Preço: R$ 39,90.
Autora: Rosely Sayão.
Selo Três Estrelas.
Editora Publifolha.
Preço: R$ 39,90.
