Saúde e Bem-Estar

Superação marca os 25 anos da UTI Neonatal do Hospital Pequeno Príncipe

Priscila Bueno, especial para a Gazeta do Povo
26/11/2016 14:07
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Em cada aniversário seu, Andre traz bolo. Mas, dessa vez foi o aniversário da UTI. Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

“Se não fosse por vocês, eu não estaria aqui”. A frase é do estudante André Sester Retorta, 17 anos. Quem o vê falando tão bem diante de um auditório não imagina que ele nasceu com 28 cm e apenas 1,1 kg, tendo que ficar na UTI por 47 dias. André foi um dos seis mil pacientes que passaram pela UTI Neonatal do Hospital Pequeno Príncipe nos 25 anos de sua criação, comemorado nesse sábado, dia 26. Diferentemente das UTIs de outros hospitais, a do Pequeno Príncipe é de alta complexidade. Ali são atendidas crianças em estado crítico e que precisam de cirurgia.
Foto: Joanathan Campos/ Gazeta do Povo
Foto: Joanathan Campos/ Gazeta do Povo
“Nós acreditamos que, independente da condição do bebê, nosso empenho é 100%”, diz a coordenadora da UTI Neonatal, dra. Silmara Possas. “A família nos empresta seu filho para que sejamos seus cuidadores maiores”, completa afirmando que os pais são essenciais neste período.
São considerados prematuros os bebês nascidos antes das 37 semanas de vida. De acordo com dados do Ministério da Saúde do ano de 2012 (dado mais atualizado), 340 mil bebês nasceram prematuros no Brasil, uma taxa de 12,4%.
A dor que eles enfrentam é imensurável. Karine Ivanovski Sobral e Alex Sobral são pais de Manuella. Ela ficou 50 dias na UTI depois de fazer uma cirurgia em seu terceiro dia de vida para corrigir uma má formação congênita que envolvia o esôfago, estômago e pulmão. “É uma dor horrível porque eu entrei no hospital com uma barriga e com ela, e saí de mãos vazias”, diz.
Ao mesmo tempo, ao pegá-la no colo um mês depois (antes desse período, os pais podem tocar apenas nos pés e mãozinhas pela incubadora), a emoção foi muito grande. “Quando eu cheguei à UTI e me disseram que eu podia pegá-la, meu coração dava pulos”, conta. O primeiro passeio da pequena Manuella, que hoje tem quatro meses, ou dois meses fazendo a correção da prematuridade, foi justamente ir à comemoração do aniversário da UTI.
Karine ao pegar Manuella nos braços na primeira vez. Foto: Acervo Pessoal
Karine ao pegar Manuella nos braços na primeira vez. Foto: Acervo Pessoal
Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
O caso de André é um dos mais emblemáticos da UTI. Ele nasceu com 33 semanas, conta a mãe Miriam Sester Retorta, resultado de uma toxoplasmose que ela adquiriu na gravidez. As roupinhas que ele usava eram de bonecos, de tão pequeno que ele era. A fralda RN tinha que fazer uma espécie de barra. “Ele foi subnutrido extremo até os seis anos”, completa a mãe. Depois da alta na UTI, ele ficou em acompanhamento pelo hospital por um ano, além de fonoaudiologia, psicopedagogia, fisioterapia e terapia com psicólogo. “Os prognósticos não eram nada favoráveis. Não sabíamos nem se ele ia falar. A cada vitória, isso nos motivava ainda mais”. No entanto, essas agruras não parecem afetar o menino que ele se tornou. “Eu entendo a minha história, as lutas ao longo do tempo”, diz.
Hoje, ele faz o curso técnico em Informática e deve seguir para o Direito. Além disso, se converteu ao budismo e é da Ordem DeMolay, que prega a ajuda ao próximo, entre outros preceitos. Um ritual que a família faz em todo aniversário seu, em junho, é levar um bolo para a equipe e pais da UTI Neonatal.
Ao longo dos seus 17 anos, André leva um bolo para a equipe da UTI em seu aniversário. Foto: Acervo Pessoal/ Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Ao longo dos seus 17 anos, André leva um bolo para a equipe da UTI em seu aniversário. Foto: Acervo Pessoal/ Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Ao longo dos 25 anos da UTI do Pequeno Príncipe, a evolução foi imensa neste campo. Segundo a dra. Silmara, esse crescimento permitiu dar uma sobrevida de qualidade para os pacientes. “Não ficamos uma semana sem novidades. Hoje, conhecemos mais o prematuro”, comenta. Uma delas é um monitor que mostra em tempo real alguns dados, como batimento cardíaco, de todos os bebês que estão na UTI, que tem 20 leitos. Uma coisa que nunca vai mudar, porém, é a morte. “Eles são nossos ´filhos´ e sempre temos a sensação de pesar”.
André agradece aos médicos e enfermeiras pelos esforços que tiveram com ele. Foto: Joanathan Campos/ Gazeta do Povo
André agradece aos médicos e enfermeiras pelos esforços que tiveram com ele. Foto: Joanathan Campos/ Gazeta do Povo

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