Histórico

Casou e… mudou! O que fazer quando o seu par já não é o mesmo

Érika Busani - erikab@gazetadopovo.com.br
23/10/2011 02:14
“No namoro, ele era ca­­rinhoso, atencioso, me enchia de mi­­mos e até mandava flores. Foi só a gente casar e tudo mu­­dou.” A declaração de Ana*, 35 anos, deve soar como déjà vu para muita gente. Que, se não vi­­veu situação semelhante, já ou­­viu falar de muitas histórias assim.
Mariana e Marcos* namoraram por cinco anos antes de resolverem morar juntos. A moça conta que, logo no início da vida sob o mesmo teto, ele, que sempre havia sido “desencanado”, começou a implicar com tudo. Se a louça ficava na pia, era motivo para discussão. Quando ela passava um batom ou esmalte de cor forte, ele fechava a cara. “Ele era um machista enrustido, conseguiu esconder isso durante todo o namoro. Não conseguimos superar as diferenças. Ficamos juntos só por mais seis meses.”
Claro que uma transformação tão grande não é regra, mas sempre há ajustes quando o casal re­­solve virar marido e mulher. “Os namorados têm muita disposição em agradar, em adiar a satisfa­­ção das suas necessidades em prol da satisfação das necessidades do outro e do desenvolvimento da relação. Essa etapa, portanto, não é um indicador confiável do que a relação será no futuro”, avalia a terapeuta de casais Rosana Ferrari Comazzi. Para ela, inclusive, o senso co­­mum “casou, mudou” está equivocado. “Pelo contrário, cada cônjuge passa a ser mais e mais o que já era.”
Junte-se a isso o aumento na dose da convivência e fica fácil entender por que os nervos do antes harmonioso casal andam agora em polvorosa. “Viver na mesma casa geralmente é estressante, cada um com suas manias, suas bagagens. Vivenciar isso no dia a dia pode levar à impressão de que o outro mudou, quando na verdade o que mudou foi a do­­se, que antes era homeopática e agora pode ser maciça”, compara a terapeuta familiar Carla Cramer.
Também há os que enxergam o casamento como sinônimo de segurança e se acomodam. “De­­pois que casamos, a Samanta* pa­­rou de se arrumar. Ficava o tempo todo de moletom, não me fazia mais um agrado. Aquilo me incomodava muito”, conta Frederico*, 30 anos. Determinado a fazer seu casamento dar certo, ele conversou com a parceira, que entendeu o recado. “Nosso casamento hoje está ainda melhor do que nos tem­­pos do namoro”, comemora.
Ação e reação
Mas nem sempre o casal consegue se entender tão rapidamente. Ao se deparar com a indesejada mudança, mais problemas à vista. “O parceiro reage buscando que o outro volte a ser quem era. Cobra e culpa seu par por ter se afastado do ideal da relação no qual ele acreditou. Cada um quer impor suas regras e seu modo de ser e de ver o casamento e a vida a dois”, diz Rosana.
Esse jogo de poder não combina com uma relação saudável. A solução? Muita conversa. E não se trata de discutir a relação, porque a discussão costuma envolver acusações. O melhor é optar por fa­­lar sobre como você está se sentindo. E tentar inverter a forma de pensar. Assim, a mudança pode ser para melhor. “Depende da postura, há quem possa pensar: ‘Mudou, me enganou, coitadinho de mim’. Já outros: ‘Mudou, e o que há para descobrir, para se vivenciar de diferente?’, sugere Carla.
*Nomes fictícios a pedido dos entrevistados.
Como anda o seu casamento? algo mudou depois que vocês passaram a viver debaixo do mesmo teto? Conte para o Viver Bem!