Estava sentada no sofá, controle remoto na mão. Queria relaxar vendo “nada” na tevê. De repente, paro no chef de cozinha britânico Jamie Oliver com um revólver na mão. Ele atira, a câmera escorrega para baixo e mostra um jacaré (do gênero Alligator), já sem ação, sendo tirado de um lago. Oliver faz um comentário do tipo: “O que meu pai diria se me visse fazendo isso?”
Calculo que eram umas 19h30 e as crianças estavam na sala. Continuei assistindo para ver onde ia dar. Com a ajuda de um homem, o chef coloca o jacaré na carroceria de uma caminhonete. Eles chegam num lugar parecido com uma cozinha industrial e colocam o animal morto estendido sobre uma mesa.
Obviamente eu sabia que o jacaré iria parar na panela, mas não imaginava que teria de acompanhar o escalpelamento do coitado. Oliver pega uma bomba de ar, coloca o bico dentro do animal e começa a bombear. Logo, o jacaré fica parencendo um balão de plástico pronto para voar. O inglês pega uma faca e corta as quatro patas do bicho. Sangue. Depois, com a ajuda do homem, puxa a pele do jacaré até deixá-lo totalmente pelado. A essa altura eu já imaginava que nunca experimentaria carne de jacaré na vida. Argh! O chef pega a faca afiada e tira um naco de carne do dorso do animal. Ele compara a carne à de frango e à de porco. Penso que para parecer moderno, um chef de cozinha tem de ser basicamente primitivo.
Com uma trilha sonora, Jamie monta na caminhonete com os ingredientes de seu preparo e vai para o campo. Ele está na Luisianna, nos EUA, e vai preparar a iguaria em um fogareiro para os animados habitantes locais. O jacaré é misturado a tempero cajun, frito em óleo quente e servido com batata doce cozida. Oliver prova: “Parece com frango ou porco”, repete. Lambe os dedos, como sua conterrânea Nigella. Trilha sonora de novo.
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