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Imagine se você vivesse em um mundo onde não existissem talheres e todas as refeições fossem feitas com as mãos. Se torceu o nariz, vire a página, mas se ficou curioso saiba que existem lugares na Ásia nos quais o garfo e a faca são absolutamente dispensáveis, um traço cultural que alguns restaurantes do ocidente já adotaram. Batizado por aqui de finger food (comida para os dedos), diz a lenda que essa moda tem uma madrinha. Teria sido a atriz Joan Collins – conhecida pela participação na série Dinastia –, que para não borrar seu batom, sempre impecável, pedia que lhe servissem pequenas porções de comida que pudesse pegar com os dedos e levar à boca.
Quando se experimenta fazer uma refeição com as mãos a sensação é de liberdade e volta às origens. Afinal, nossos antepassados não comiam assim? E as crianças, não parecem felizes quando se lambuzam com a comida? “Fico feliz quando chega alguém aqui e pede para comer com a mão. Vou logo saber quem é e de onde vem”, diz o publicitário Marcelo Amaral, dono do restaurante Lagundri, especializado em comida indiana e do Sudeste Asiático. Marcelo teve como escola de gastronomia trabalhos em restaurantes tailandeses na Austrália e em outras partes do mundo e tentou trazer para o Lagundri, junto com o chef Ken Francis, os pratos mais originais quanto possível.
Segundo Amaral, para os freqüentadores ainda soa meio esquisito comer com as mãos – por isso os pratos vêm com talheres – , mas quando o cliente pede, ganha uma lavanda para limpar os dedos durante a refeição. “Na Índia e nos países de religião budista todos os pratos são saboreados com os dedos. Eles têm uma técnica para comer que não fica com aspecto anti-higiênico”, diz.
Entre os alimentos que podem ser degustados com as mãos no local, há o roti (pão esticado na pedra e assado na panela wok) com vários molhos e uma espécie de rolinho primavera vietnamita gelado. Parece fácil, mas o grau de dificuldade aumenta quando chega um caldo (sopa tom yam) servido com arroz, que deve ser pego às porções, amassado na mão como um bolinho, molhado no caldo e levado à boca. “Quem come assim acredita que por você usar três sentidos – tato, paladar e olfato – consegue ter uma in formação mais completa sobre os alimentos”, diz o publicitário.
O chef Alexandre Vicki, do restaurante Cais da Ribeira e professor do Centro Europeu, acha que a finger food é uma ótima opção para receber convidados de forma descontraída. “É o desdobramento dos canapés. Pode-se fazer um evento inteiro só com alimentos para comer com as mãos”, sugere. Vicki cita os wraps (casquinhas de trigo) que podem ser servidas com diversos recheios e criações dele como mini-burguers de bacalhau, mini-espetinhos de salmão e nhoque de bacalhau com ricota frito como bons appetizers (petiscos).
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