Saúde e Bem-Estar

Reconstrução de mama após tumor combina diversas técnicas

Adriano Justino
10/05/2016 16:00
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A reconstrução da mama após a retirada total do seio em caso de tumor é um passo doloroso na recuperação da autoestima da mulher que passa por este procedimento. Segundo Denis Calazans, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), as técnicas cirúrgicas estão cada vez mais aprimoradas, houve avanço dos materiais utilizado nas cirurgias, nos implantes mamários. “A cirurgia plástica que é feita no Brasil é igual a cirurgia de reconstrução mamária feita no exterior”, diz ele, que fala mais sobre o assunto.
1) Qual é o maior medo das mulheres relacionado à mastectomia total?
Antigamente havia um temor da cirurgia de reconstrução mamária estar associada com a volta do câncer. Com técnicas mais aprimoradas, tanto para o tratamento do câncer, quanto dos tratamentos sequenciais do câncer (quimioterapia e radioterapia), já se tem uma segurança muito maior para poder se indicar a reconstrução mamária, sem que haja esse risco iminente.
2) Hoje se preserva mais a mama do que no passado?
Sim. As técnicas hoje estão mais conservadoras, até por advento de tratamentos quimioterápicos e radioterápicos mais eficazes, então as ressecções estão mais econômicas, preservando o quanto possível as mamas. O ‘luto’ que a mulher vive em função da amputação da mama é minimizado enormemente com a possibilidade de uma reconstrução, com a possibilidade de um retorno pelo menos do volume mamário dessa paciente.
3) Como é reconstruída a mama?
É possível que a reconstrução das mamas seja realizada de diferentes formas, desde o uso de uma técnica isolada, como a combinação de uma ou mais técnicas.Tudo depende do caso de cada paciente. Pode ser feita a transposição de retalhos musculares, de segmentos de músculos, como pode ser utilizados expansores definitivos, onde um expansor de pele é colocado na paciente e permanece pelo resto da vida. Pode-se fazer também a reconstrução com próteses de mamas ou ainda fazer uma combinação, tanto com uma técnica em que é feita a combinação da transposição de tecidos, com o uso de prótese de silicone concomitante. Depende de cada caso.
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4) Em qual momento é realizada a cirurgia de reconstrução?
Há muitos anos, por uma questão de segurança, pensou-se que deveria ser realizada depois de algum tempo da ressecção da mama. Hoje, existe um consenso científico de que deve ser feita a reconstrução imediatamente após a cirurgia de ressecção. Porém, caso a mulher tenha feito a mastectomia e não tenha feito a reconstrução, é possível que ela seja feita posteriormente, desde que tenha a liberação do oncologista.
5) Há como se preservar a sensibilidade e a capacidade de amamentar?
São casos muito pontuais. Não há como rotularmos isso como sendo uma regra geral. Existe sim a possibilidade, mas é relativo a cada caso. Depende do tipo de ressecção, do tipo de tratamento que foi imposto a paciente, do tipo de reconstrução que foi imposto a paciente. Então é um caso a ser estudado e não tem como o especialista saber se será preservado ou não, só mesmo depois da cirurgia. É difícil devolver o status quo da paciente, acho que isso a gente não vai conseguir devolver nunca. Mas, tentar minimizar o quanto possível as lesões e as sequelas que o tratamento oncológico como esse deixa no corpo e muitas vezes até na alma da paciente. Lembrando que a mama é um órgão que tem múltiplas características: não só da sensualidade, do lado afetivo da amamentação e muito vezes o perfil corporal da mulher se modifica enormemente.