Tratamentos para o câncer com quimioterapia ou radioterapia podem comprometer os ovários de uma mulher, provocando a perda precoce da capacidade de reprodução. Uma das alternativas para aquelas que, após vencerem a doença, desejam ser mães é recorrer ao congelamento de óvulos. “O congelamento previne essa perda de fertilidade, retirando o óvulo e congelando-o antes da quimio ou da radioterapia. A cura do câncer hoje é muito frequente, então a paciente pode ser mãe após o tratamento”, explica o professor de reprodução humana da UFPR e diretor do Centro de Fertilidade Karam Abou Saab.
O processo se inicia com o estímulo medicamentoso à ovulação para que a mulher produza vários óvulos num mesmo ciclo. No dia em que eles estão maduros, é feita uma retirada pela vagina, com anestesia local e sedativo, e posterior congelamento em laboratório. Quando a mulher quiser utilizar os óvulos, eles são descongelados, fertilizados e o embrião é transferido para a futura mãe. E, se ela não quiser utilizá-los, eles podem ser doados ou descartados sem as mesmas implicações éticas que embriões congelados.
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O especialista alerta, porém, que não são todos os tipos de câncer ou de tratamento que comprometem a fertilidade. “Por isso é importante que haja uma interação entre os médicos, tanto o oncologista quanto o de fertilidade, para que a paciente possa ser orientada e possa tomar sua decisão”, diz. Segundo ele, após o diagnóstico da doença, o prazo para a tomada de decisão e coleta dos óvulos é curto, devido à necessidade de iniciar o tratamento.
Outros casos
A técnica também é indicada em casos de anemia aplástica, cujo tratamento consiste no transplante de medula óssea, se a mulher tem histórico de menopausa precoce na família ou quando precisa retirar os ovários por algum motivo. Há ainda a chamada “indicação social”, para mulheres que por algum motivo não podem ou não querem engravidar até aproximadamente os 35 anos, porém ela é pouco usual.
“Não recomendamos o congelamento de óvulos para paciente que simplesmente ‘acham a ideia interessante’, porque, apesar de fornecer óvulos de melhor qualidade no futuro, ele não garante gravidez”, diz o ginecologista do Hospital Nossa Senhora das Graças Francisco Furtado.
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