Saúde e Bem-Estar

Quando levar a criança ao pronto-socorro

Amanda Milléo
25/07/2015 00:22
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(Foto: Bigstock)

Consultas com pediatras em consultórios não são iguais às realizadas no pronto-socorro (PS). Porém, muitas mães têm simplesmente trocado atendimentos complexos pelas fortuitas idas à urgência e emergência.
O tempo de consulta no PS é menor, diante de tantas crianças na espera. Nesse caso, o foco do médico é específico nos sintomas e dificilmente ele vai conseguir fazer uma avaliação completa, dos aspectos físicos aos neurológicos, de desenvolvimento, sociabilidade e aproveitamento escolar. Algumas dicas podem ajudar pais e mães a separarem, com consciência, quando é hora de levar a criança ao PS e quando é o momento de se encaminhar ao consultório do pediatra.
Consulta completa
O bebê deve encontrar o pediatra a cada seis meses. Conforme a criança cresce, as consultas podem se tornar anuais. Nesses encontros, o pediatra fica atento a uma série de acontecimentos.
*Crescimento da criança a partir da pesagem e medição da altura;
*Desenvolvimento motor e psicológico da criança através da caminhada pelo consultório;
*Independência da criança: faz xixi sozinha? Se limpa corretamente? ;
*Desempenho escolar;
*Alimentação adequada;
*Histórico de doenças e cirurgias da criança.
Gravidade dos casos
Veja sinais de que algo pode não estar indo bem e a melhor forma de encaminhar esses casos:
1. Falta de fome é sinal grave. Quando a criança pequena recusa a mamada ou geme muito são sintomas que podem indicar quadros graves, como infecções. O primeiro passo é procurar o pediatra da criança, que a conhece, mas se não for possível falar com ele, busque o PS.
2. Caso a criança se resfrie, é natural que ela recuse alimentos ou coma bem menos do que antes. Não há necessidade de forçar a alimentação. A criança pode até reduzir o peso, mas depois que o resfriado passar, em no máximo uma semana, o apetite e o peso devem voltar.
3. É natural que a febre alta comprometa o estado geral da criança. Dar um antitérmico deve fazer com que a temperatura reduza em 45 a 60 minutos. Se mesmo com a temperatura normal a criança não voltar a interagir ou brincar, procure o PS.
4. Quando as crianças experimentam alimentos novos e diferentes, ou comem em excesso, pode ser que vomitem. Nesse caso, não é preciso medicá-las. Basta deixá-las algumas horas de jejum e retornar à dieta normal – sem exageros e com intervalo maior entre as refeições.
5. O mesmo vale quando a criança apresentar diarreia. Dê água, hidratantes orais e sucos naturais em pequenos volumes e a curtos intervalos de tempo até que o quadro de diarreia acabe. Informe o pediatra na próxima consulta os casos de vômito e diarreia.
Cadê os pediatras?
As salas de espera dos prontos-socorros estão sempre lotadas, mas marcar uma consulta com um pediatra, seja através do convênio ou mesmo particular, é cada vez mais difícil. “Os pacientes acabam indo para o PS porque não têm mais o pediatra ou não conseguem marcar as consultas. Perdeu-se a relação do pediatra com a criança, com consultas frequentes”, afirma o presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria (SPP), Gilberto Pascolat.
De acordo com o pediatra presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná, Luiz Ernesto Pujol, a maioria dos planos de saúde paga ao pediatra em torno de R$ 40 a R$ 60 por consulta. “Isso impossibilita os médicos de manterem os gastos de manutenção, como aluguel, condomínio, impostos municipais, estaduais e de imposto de renda, secretária, telefone, impressos, material de consumo e limpeza, instrumentos para exame físico, caso atendam apenas doentes de ‘convênios’”, afirma. No caso do SUS, o pagamento por hora de consulta pediátrica fica em torno de R$ 2, de acordo com Pascolat.
“O pai leva a criança para a unidade de saúde, que tem médicos generalistas sem a formação em pediatria. Como eles não conseguem dar uma resolutividade ao caso, os pais percebem e acabam levando para os hospitais pediátricos, e a maioria dos casos no hospital poderia ser resolvida na unidade básica. Não vejo uma mudança no futuro próximo”, afirma o presidente da SPP.
7 em cada 10 consultas não são urgentes
Cerca de 70% dos casos levados ao Pronto Socorro pediátrico não necessitariam de atendimento urgente, segundo o pediatra Luiz Ernesto Pujol. O contato com crianças verdadeiramente doentes pode expor a criança sem doença a um ambiente contaminado, colocando-a em risco.
Frequências 
As consultas com o pediatra de confiança da família têm uma frequência certa para ocorrer. Veja o que recomenda a Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde e a Sociedade de Pediatria.
0 a 5 meses de idade  Mensalmente
6 a 11 meses – Bimestral
12 a 23 meses – Trimestral
3 a 5 anos – Semestral
6 a 18 anos – Anual
Fontes: Gilberto Pascolat, presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria; Luiz Ernesto Pujol, pediatra presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná, ouvidor da Sociedade Paranaense de Pediatria e diretor do Departamento de Defesa Profissional da Associação Médica do Paraná.