Saúde e Bem-Estar

Aborto espontâneo: causas naturais que interrompem uma gravidez

Bel Victorio
25/07/2015 00:02
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É possível que você já tenha ouvido “incompatibilidade” como resposta a uma gravidez que não foi adiante. Mas o que isso significa? O termo está relacionado a causas diferentes, e sem conexão entre si, de aborto de repetição: genética, imunológica e sanguínea. Embora existam outros motivos que possam interromper a gravidez, o termo é ligado a essas três áreas.
Problemas genéticos seriam os principais “culpados” por abortos espontâneos (cerca de 50% dos casos), diz o ginecologista Denis José Nascimento, responsável pelo setor de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Clínicas. Por isso, quando se fala em abortamento e incompatibilidade, é mais provável que se esteja falando de causas genéticas.
Para especialistas, o termo incompatibilidade seria mal empregado nesse caso. “Não é bem isso o que ocorre entre o casal, causando do aborto”, ressalva o oncoginecologista e mastologista Jean Alexandre Furtado Correa Francisco, do Hospital Evangélico. O especialista explica que, na formação do embrião, a combinação dos dados do espermatozoide e do óvulo podem causar síndromes que impedem a evolução da gravidez. “São acidentes de percurso, que podem trazer abortamentos isolados ou de repetição, devido a uma combinação da carga genética”, diz ele. Se a gestação fosse adiante, o bebê nasceria com síndromes como Down ou de Turner.
Terei filhos?
Uma gravidez mal sucedida não significa que o casal nunca terá filhos. Mas a partir do segundo aborto, é recomendado o aconselhamento genético para entender as causas da interrupção. “O ideal é que o médico colete o material abortado e leve a uma clínica genética, para o estudo das células. O casal também deve passar por um médico geneticista”, diz Nascimento.
Tratamento
Vacina pode ser recomendada :
Incompatibilidade sanguínea – Mães com sangue Rh negativo que geram bebês com Rh positivo podem precisar tomar uma dose de gamaglobulina anti-Rh (conhecida popularmente como vacina) até 72 horas após o nascimento do primeiro bebê ou aborto do primeiro feto. Isso porque nessa incompatibilidade o corpo materno percebe uma proteína intrusa (que é o Rh) e é sensibilizado – ou seja, produz anticorpos para atacar as hemácias do feto. Esses anticorpos não influenciam a primeira gestação, mas vão ficar “a postos” e podem prejudicar a próxima gravidez.
Incompatibilidade imunológica – Vacinas produzidas com linfócitos presentes no sangue do pai podem ser indicadas para mães que tiveram falha na interação com o aloenxerto paterno, ou a porção do embrião que veio do pai. Como o sistema imunológico está sempre preparado para atacar o que não pertence ao organismo, se o corpo da mãe não souber reconhecer o feto, pode haver dificuldade em manter a gestação.
Fontes: médica hematologista do Laboratório Frischmann Aisengart, Jerusa Miqueloto, e ginecologista e obstetra Francisco Furtado Filho, do Hospital Nossa Senhora das Graças.