Saúde e Bem-Estar

Peso demais, fertilidade de menos

Amanda Milléo
30/04/2016 22:00
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Sobrepreso e obesidade diminuem a fertilidade, tanto dos homens quanto das mulheres, atrasando a concepção. Neles, o excesso de gordura leva a uma diminuição do hormônio testosterona, prejudicando a produção do esperma. Entre as mulheres ocorre uma alteração na secreção do hormônio estrogênio, que dificulta a ovulação e o período fértil. Além do atraso na concepção natural, o excesso de gordura pode levar a abortos naturais, a uma pior resposta aos tratamentos de fertilidade e a uma maior predisposição a complicações obstétricas.
Antes de tentar engravidar, a sugestão dos especialistas é para que o casal perca entre 5% a 10% do peso. Mesmo que isso possa representar poucos quilogramas, a taxa significa 30% da gordura visceral, ajudando no prognóstico da gravidez. “Do ponto de vista de fertilidade, temos uma experiência grande de pacientes que perdem peso e conseguem aumentar as taxas de sucesso”, diz Francisco Furtado Filho, ginecologista especialista em Reprodução Humana e em cirurgia videolaparoscópica, médico do hospital VITA e do Hospital Nossa Senhora das Graças, diretor clínico da Fertway. Ter metas mais realistas e o estímulo da gestação tornam os resultados mais fáceis de serem alcançados.
“A taxa de fragmentação do DNA dos espermatozoides em homens obesos ultrapassa 25% a 30%, quando comparado a homens com peso saudável, que é de 3% a 5%. Essa fragmentação dificulta a obtenção da gravidez”, explica Luciana Potiguara, membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e diretora do Centro de Reprodução Humana FertilCare, em Brasília.
Aliado a uma nova dieta e exercícios físicos, os homens devem cuidar também com o surgimento da varicocele, uma das principais causas de infertilidade masculina. Se o homem passa muito tempo sentado, a pressão sobre a bolsa escrotal faz com que surjam varizes, que aumentam a temperatura do testículo, diminuindo a produção e qualidade dos espermatozoides. O tratamento vai de medicamentos ao uso de suspensório escrotal, e até mesmo cirurgia para a correção das veias varicosas.
No caso das mulheres, a dificuldade em ovular também é resultado da Síndrome do Ovário Policístico. A alta taxa de gordura altera, além do estrogênio, a insulina, associada à Síndrome, que contribui nos ciclos menstruais irregulares, conforme explica Artur Dzik, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana e diretor do serviço de Esterilidade Conjugal do Hospital Pérola Byington, em São Paulo. O uso de anticoncepcionais ajuda na regulação da ovulação.
In vitro comprometida
Mesmo quando a gestação for gerada por fertilização in vitro, a obesidade também pode afetar os resultados. Devido ao sobrepeso, a formação dos espermatozoides é comprometida, reduzindo a capacidade de fecundação do óvulo, que nem sempre é garantido na ovulação da mulher acima do peso. “A taxa de gordura corporal afeta também a gestação, aumentando o risco de diabete gestacional e hipertensão, ou a conhecida pré-eclâmpsia”, explica Álvaro Pigatto Ceschin, professor doutor do internato da PUCPR, no Hospital e Maternidade Santa Brígida e diretor do Feliccità Instituto de Fertilidade.

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