Saúde e Bem-Estar
Quais são os desafios em ter filhos aos 20, 30 e 40 anos, segundo especialistas
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Gravidez aos 20 anos
Muitos especialistas defendem que o intervalo dos 20 aos 30 anos seja o ideal para engravidar. Isso porque a fertilidade está em alta e engravidar é uma tarefa mais rápida e fácil. “A chance é menor de desenvolver problemas durante a gravidez, como hipertensão e diabete gestacional”, diz Karam Abou Saab, professor de Reprodução Humana da Universidade Federal do Paraná . Segundo ele, quanto mais novos os óvulos, menores as chances de um bebê apresentar falhas cromossômicas, com destaque para a trissomia do 21, responsável pela Síndrome de Down. Quem engravida jovem tem menor chance de desenvolver doenças como câncer de mama e ovários.
Porém, nem sempre a vida profissional e afetiva está estabilizada. “A mulher nesta idade está lidando com o desenvolvimento acadêmico e escolha profissional. A maternidade pode limitar as possibilidades estudantis e de trabalho ou até mesmo retardar este processo. Pode ter mais inseguranças e sentimentos de menos valia ou de falta de capacidade para conduzir o desenvolvimento dos filhos”, diz a psicóloga da clínica psiquiátrica UNIICA, do Grupo Marista, Yara Braguinia.
Segurança maior aos 30 anos
Na casa dos 30 anos, a quantidade e qualidade dos óvulos começam a decair, reduzindo a fertilidade. “Os resultados podem ser mais lentos, mesmo com a saúde perfeita. Esta condição se acentua a partir dos 35 e favorece o surgimento de complicadores gestacionais, com risco crescente para a placenta prévia, descolamento placentário, pré-eclâmpsia e eclâmpsia”, diz Karam Saab. A taxa de aborto e de natimortos também aumenta a partir da metade desta década. Cardiopatias, hipertensão, endometriose e infecções das tubas uterinas, se observadas, também desfavorecem uma gravidez saudável.
A medicina considera esta uma época ainda propícia para engravidar. “A mulher está mais segura profissional e socialmente, mas pode vivenciar o auge da carreira com muitos compromissos e trabalhos”, diz a psicologa Yara Braguinia.
Nos aspectos emocionais e afetivos a mulher já tem mais experiência, está amadurecida e os relacionamentos são estáveis e saudáveis. Muitas sentem o relógio biológico apitar nesta fase, quando o instinto materno está mais aflorado e as angústias e receios sobre cuidados com os filhos são mais amenos.
E aos 40 anos?
Nessa época, além da concepção natural dificultada, também aumentam os casos de aborto espontâneo, má formação fetal e mutações cromossômicas. Com a proximidade da menopausa, a irregularidade dos ciclos e a falência ovariana também comprometem a fertilidade. Nesta idade, as gestações são consideradas de risco e os cuidados devem ser multiplicados. Dependendo da saúde da mulher, o pré-natal pode ser feito com equipe multidisciplinar.
Mulheres nesta faixa etária também são fortes candidatas a tratamentos para engravidar, com destaque para a fertilização in vitro, que permite um diagnóstico genético pré-implantacional, de modo a evitar a transferência, para o útero da mulher, de embriões com alterações genéticas ou cromossômicas.
Aos 40 anos, metas pessoais e profissionais já foram alcançadas ou estão bem encaminhadas. “Com a mente mais tranquila e o pensamento menos acelerado, a gravidez pode ser melhor aproveitada”, diz Yara Braguinia. Porém, a disposição e o vigor físico diminuem, o que leva ao cansaço e desgaste, que podem impactar a relação com o filho. “Aos 40 a mulher é mais assertiva e segura, sendo capaz de tomar decisões sobre a criação sem a interferência de outros”, diz a psicóloga.