Ecografia morfológica detecta entre 90% e 95% das má-formações do bebê
Vivian Faria, especial para a Gazeta do Povo
04/03/2016 22:00
O exame pode demorar de 20 minutos a uma hora, dependendo das condições, que podem dificultar a visualização. Fotos: Bigstock.
Quando uma gestação chega à metade, às 20 semanas, um feto mede aproximadamente 22 centímetros e pesa em torno de 200 gramas. Apesar de ainda ter muito o que crescer, o bebê já está desenvolvido o suficiente para que má-formações possam ser detectadas, por isso é a partir desse momento que se realiza a chamada ecografia morfológica.
“Além de verificar o crescimento do feto, ela [ecografia morfológica] avalia a quantidade de líquido amniótico e a placenta, e faz uma análise, começando pela medição da cabeça, observação da anatomia da face e dos membros, formação dos órgãos”, explica o especialista em medicina fetal e diretor clínico do Instituto da Mulher e Medicina Fetal (Immef), Cláudio Gomes.
Segundo Bruno Fritzen, ultrassonografista em ginecologia e obstetrícia da Paraná Clínicas, de 90% a 95% das má-formações do bebê podem ser detectadas por meio desse exame. Entre elas, estão defeitos na coluna, alterações no sistema urinário, má-formações nos membros e problemas cardíacos, além da ocorrência de Síndrome de Down. Nem todas, porém, serão confirmadas pela ecografia morfológica. “Muitas vezes não vai se chegar a um diagnóstico, mas se levanta a suspeita e daí será investigado”, observa.
A partir do diagnóstico, é possível planejar um tratamento intrauterino ou cuidados para a hora do parto ou para a vida da criança e, se nada for detectado, as chances de o bebê nascer saudável e sem necessidade de cuidados especiais é bastante grande.
Condições ideais
Para que os resultados sejam os mais acurados possíveis, o exame deve ser realizado até a semana 24 da gestação. “Nesse período, a maioria dos órgãos já está formado e, ao mesmo tempo, é o momento em que conseguimos ver melhor essas estruturas porque a quantidade de líquido é boa e o tamanho [do feto] é bom”, salienta Fritzen. É preciso também não ter pressa: uma ecografia pode demorar de 20 minutos a uma hora, dependendo das condições, que podem dificultar a visualização.
Entre aquelas que dificultam o exame, estão a posição do bebê, a quantidade de líquido amniótico, obesidade materna e presença de cicatrizes por cirurgias abdominais. Segundo os especialistas, nesses casos é importante que quem conduz a ecografia deixe claro para os pais o que foi visto e o que não foi visto, diminuindo a ansiedade deles. Em determinados casos, o responsável pelo exame pode pedir para a mãe caminhar um pouco ou mudar de posição (deitar-se de lado) para tentar conseguir imagens melhores.
Sexo Caso ainda não saibam por meio de outros exames, é nesse momento que os pais descobrem ou confirmam o sexo do bebê (se ele colaborar).
Prematuros Durante a ecografia morfológica, os médicos aproveitam também para fazer uma nova medição do colo do útero da mãe para identificar o risco de parto prematuro. Segundo o diretor clínico do Instituto da Mulher e Medicina Fetal (Immef), Cláudio Gomes, a avaliação nesse período é de extrema importância. “Se alguma alteração for detectada, essa paciente tem maior risco de parto prematuro, mas ela ainda tem algumas opções de tratamento para evitá-lo”, diz.
Microcefalia Apesar da grande preocupação relacionada ao surto de microcefalia no país, os especialistas explicam que é difícil detectar a condição no exame morfológico. “Algumas alterações gastrointestinais e no sistema nervoso central são facilmente visíveis apenas a partir das 28 semanas”, explica Fritzen. A microcefalia é uma dessas alterações e as futuras mamães precisam manter a calma para que a ansiedade relacionada a isso também não estresse o bebê.